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Jerry Brudos, o assassino da luxúria

Jerry Brudos, o assassino da luxúria

"Eu nunca queria ter feito isso" (Jerry Brudos)

A PERSONALIDADE

Recentemente representado na popular série da Netflix, Mindhunter, Jerome “Jerry” Brudos nasceu em 1939, na cidade de Webster, Dakota do Sul, nos Estados Unidos. Sua mãe, já tendo dois filhos homens, esperava no nascimento de Jerry uma garota, e, frustrada com mais um menino, muitas vezes o ignorava e o desprezava.

Desde criança, Brudos começou a se interessar por sapatos femininos – fetiche que perduraria por toda a fase adulta e seria parte da motivação dos crimes.

O fetiche começou quando Brudos tinha apenas cinco anos de idade, quando apenas usava os sapatos de sua mãe. Já nos primeiros anos escolares, passou a cometer tentativas de furto dos sapatos de suas professoras.

Os registros criminais de Jerry Brudos iniciam em sua adolescência, quando sufocava mulheres e as deixava inconscientes e fugia com seus sapatos. 

Aos 17 anos, ele cavou um buraco e manteve meninas como escravas sexuais, sendo pouco depois descoberto e levado para a enfermaria psiquiátrica do Oregon State Hospital, onde permaneceu por nove meses.

Lá, descobriu-se que suas fantasias sexuais giravam em torno de seu ódio e vingança contra sua mãe e mulheres em geral, sendo diagnosticado com esquizofrenia e misoginia extrema.

Jerry Brudos suprimiu suas obsessões o suficiente para se formar no ensino médio e se tornar um técnico em eletrônica. Em 1961, casou-se com uma moça de 17 anos de idade, com quem ele viria a ter dois filhos, e se estabeleceu no subúrbio de Salem, no Oregon.

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Jerry Brudos e sua esposa

Ele pedia que sua jovem esposa fizesse os trabalhos domésticos sem usar roupas, exceto nos pés, onde calçava sapatos de salto alto, enquanto ele tirava fotos. 

Apesar da satisfação temporária, quando isso não era capaz de estimular Jerry o suficiente, ele saía a noite para realizar seus ataques, roubando sapatos e roupas íntimas para saciar suas compulsões.

OS CRIMES

Os primeiros assassinatos de Brudos foram inteiramente oportunistas, mas ele começou a evoluir seu modus operandi em homicídios posteriores. Inicialmente, sequestrava moças em locais públicos e as levava até sua casa.

Lá, estrangulava as vítimas até a morte. Depois de matá-las, Brudos praticava atos de necrofilia com seus corpos e, pro fim, se vestia com suas roupas. Geralmente, colocava um salto alto e se masturbava. 

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A casa de Jerry Brudos era palco para as mais perversas atrocidades

Brudos também mantinha troféus de suas vítimas, como um par de seios amputados que eram usados como pesos de papel e um pé esquerdo cortado de uma menina de 19 anos chamada Linda Slawson (sua primeira vítima fatal), que costumava modelar os sapatos que ele colecionava.

Depois de satisfazer seus desejos, jogava os corpos nos rios locais, amarrados a peças mecânicas para fazê-los afundar.

AS VÍTIMAS

Entre 1968 e 1969, Brudos espancou e estrangulou quatro mulheres jovens. A única evidência inicial foi uma vítima ocular, que avistou um homem grande vestido com roupas femininas. Ele confessou ter assassinado Linda Slawson, Jan Whitney, Karen Sprinker e Linda Salee, e foi condenado à prisão perpétua.

Linda Slawson trabalhava para uma empresa de livros, indo de porta em porta vendendo enciclopédias. Em 26 de janeiro de 1968, o seu percurso a levava para um bairro em Portland, Oregon.

Algumas pessoas dizem que ela estava procurando por uma casa, quando acabou na casa errada, mas ninguém sabe o que realmente aconteceu, além da história contada pela pessoa que a encontrou. Ninguém nunca viu ou ouviu falar de Linda Slawson novamente.

A companhia de livros não tinha registro de onde ela teria ido nesse dia. Assim, os pedidos desesperados de busca feitos pela família Slawson não ‘deram em nada’. Conseguiram localizar o carro dela, abandonado, mas não acharam pistas sobre o que tinha acontecido com ela.

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As vítimas do assassino da luxúria

 

Não havia sinal de luta e aparentemente nada faltava. O tempo foi passando e o caso dela foi esfriando. No entanto, o mistério seria revivido no ano seguinte, quando outras mulheres jovens foram desaparecendo.

Em 26 de novembro de 1968, Jan Whitney, de 23 anos, desapareceu quando estava a caminho de casa para o feriado de Ação de Graças. Seu carro foi encontrado fora da estrada em uma área de acostamento perto de Albany, Oregon. Estava fechado, mas não havia sinal dela. 

Possivelmente uma falha mecânica fez ela ir procurar por alguém para ajudar. Esses eram dias que as meninas pediam carona livremente ao longo da West Coastand e os predadores percebiam como era fácil atacá-las sem que ninguém mais soubesse. Na época, não houve ligação entre os casos e, assim como Slawson, ela apenas tinha desaparecido.

Quatro meses depois, em 27 de março de 1969, Karen Sprinker, de 19 anos, desapareceu. Ela tinha saído após a aula na faculdade, e sua mãe esperava encontrá-la para almoçar em um restaurante do centro da cidade. Ela esperou uma hora e então começou a ficar preocupada.

Foi descoberto que ela estacionou seu carro na garagem da loja onde a mãe estava esperando. Mas o carro estava vazio e Karen nunca mais voltou para pegar ele. Os clientes da área disseram ter visto uma mulher muito alta e de aparência estranha na área. Uma testemunha disse que quando esta pessoa se aproximou, ela viu que era um homem travestido. Ele parecia bastante assustador, então as pessoas o evitaram.

Apenas quatro semanas mais tarde, Linda Salee, de 22 anos, que parecia ter sido sequestrada em um shopping center. Ela foi lá comprar um presente para seu namorado, mas não foi encontrá-lo naquela noite. Ela também não apareceu para trabalhar, e seu carro foi encontrado abandonado.

Como nos outros casos, não havia nenhum sinal de violência no carro ou de qualquer coisa estranha que pudesse ter acontecido. Seu então namorado foi considerado suspeito, mas nada indicava que ele devesse continuar nessa condição. Nos dias seguintes de seu desaparecimento, nenhum sinal de Salee ou seu corpo.

AS INVESTIGAÇÕES

A polícia estabeleceu uma linha de tempo entre os crimes, observando o fato de que todas as meninas tinham desaparecido na segunda metade de cada mês, e que todas elas eram jovens mulheres brancas. Isto era tudo que os investigadores tinham, até que foram encontrados restos humanos na rede de um pescador em um rio próximo.

Dias depois, foi identificado o corpo encontrado, que pertencia a Linda Salee. Continuando as buscas pelo rio ao sul de Corvallis, foi encontrado um segundo corpo, com os seios amputados e enchimentos dentro do sutiã. O corpo foi reconhecido pela mãe da vítima pelas roupas e pertencia a Karen Sprinker.

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Jerry Brudos é capturado pelas autoridades policiais

O corpo de Salee também foi descoberto no rio e tinha sido amarrado a uma pesada peça de automóvel. A polícia observou o nó incomum na corda de nylon usada para amarrar o corpo à peça e conectou os casos por ser o mesmo nó encontrado no corpo de Sprinker, também amarrada a uma peça de carro.

A PRISÃO

Durante o curso das investigações, a polícia entrevistou estudantes da Universidade do Oregon, em Corvallis (EUA), sobre os assassinatos. Algumas estudantes relataram ter recebido telefonemas de um homem estranho que dizia ser um veterano da Guerra do Vietnã.

Uma das estudantes relatou ter saído com um homem corpulento com cabelos claros e sardas e, durante o encontro, o homem fez alguma referência às mulheres encontradas mortas no rio.

A polícia pediu à estudante para chamá-los se o homem entrasse em contato novamente. A garota deveria, então, combinar um encontro com o homem em seu dormitório. Depois de alguns dias, o homem (que acabou por ser Brudos) entrou em contato e concordou em se reunir com a jovem.

Em vez da jovem, Brudos encontrou a polícia esperando por ele. Os policiais entrevistaram o eletricista e decidiram investigá-lo como um possível suspeito. Uma jovem mulher, que ele havia tentado raptar, o identificou na ocasião, levando a polícia a obter um mandado judicial para busca e apreensão.

Ao cumprir o mandado na casa de Brudos, os policiais encontraram uma riqueza de evidências, incluindo corda de nylon e as fotos das vítimas. Jerry prontamente admitiu seus crimes, explicando as atrocidades em detalhes.

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Brudos foi condenado à prisão perpétua

O assassino da luxúria foi condenado à prisão perpétua pelos quatro assassinatos e passou o resto de sua vida atrás das grades. Na prisão, ele se tornou colecionador de catálogos de sapato, até a data de sua morte. Jery Brudos morreu de câncer no fígado, em 2006, com 67 anos de idade.


REFERÊNCIAS

MONTALDO, Charles. Serial Killer – Jerry Brudos: The Lust Killer, Shoe Fetish Slayer. Disponível aqui.

Criminal Minds Encyclopedia. Jerry Brudos. Disponível aqui.

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