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Júri e linguagem: as lacunas que respondem
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Passou um tempo achando que a linguagem se resumia aos fonemas, às regras ortográficas, às orações coordenadas sindéticas adversativas. Um dia, ele percebeu que a linguagem tem alma. Encontrou o discurso no meio do mato. Assustou-se com os sentidos, bichos inquietos, que não dormem, que mordem e devoram sujeitos.
Criaturas que se jogam nas palavras quando se pisca. Decidiu: não mais seria empreiteiro da gramática. Largou tudo para ser peão dos significados. Foi morar no mato da linguagem.
Inicio esta coluna com a provocação acima. Sem resposta…
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Porque muitas pessoas acham que a beleza da linguagem está na completude, na clareza. Eu diria que essa é a face comercial da linguagem, o seu melhor marketing, a que vende. Para mim, a beleza da linguagem está no fragmento, na lacuna, no lugar que se deixa por preencher. A verdadeira comunicação é lacunar. É aí que entra a boa arte, uma foto que mexe, a boa poesia, um Manoel de Barros.
Quando se preenche tudo com o que se diz é como se ter um mapa do tamanho real da coisa representada, como no conto de Borges. Perde sua finalidade. É Anitta e Chico Buarque.
Ela, para consumo rápido com espaços preenchidos, para dançar, gozar um gozo curto e seguir em frente. Tem o seu valor lúdico. Ele, para degustação, para experiências semânticas, para sorver, para parar e gozar um gozo longo, Nirvana. Tem seu valor ontológico.
Porque há coisas que gritam para nós: “Vai, malandra!” E há outras que requerem construção. Tijolo com tijolo num desenho mágico. Há tanta coisa a dizer. As que valem a pena mesmo nem sempre podem ser ditas, explicitadas. Mas, dependendo de como são oferecidas as lacunas, são plenamente entendidas.
O que isso tem a ver com o Tribunal do Júri?
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Mais não digo.
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