Júri histórico condena réus por assassinato assustador de estudante

O júri considerou os réus culpados por crimes de homicídio qualificado

Após aproximadamente 32 horas de depoimentos de nove testemunhas, além de assistir a cenas perturbadoras e aos debates entre a defesa e a acusação, o júri popular decidiu condenar Jamil Name Filho, de 46 anos, a uma pena de 23 anos e 6 meses de reclusão. Ele foi considerado culpado por crimes de homicídio qualificado por motivo torpe, emprego de emboscada e porte ilegal de arma. A sentença ficará inicialmente em regime fechado.

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A maioria dos jurados, composta por cinco homens e duas mulheres, acredita que “Jamilzinho”, como é conhecido o filho mais velho de Jamil Name, uma figura lendária na história de Mato Grosso do Sul, foi o quem mandou matar o ex-policial militar Paulo Roberto Teixeira Xavier, de 52 anos, e acabou sendo o responsável pelo fuzilamento de Matheus Coutinho Xavier, filho do alvo, que tinha apenas 20 anos, morto por engano.

O juiz Aluízio Pereira dos Santos impôs uma pena de 20 anos de prisão por homicídio qualificado e 3 anos e 6 meses por porte ilegal de arma. Jamilzinho foi absolvido da acusação de receptação em relação ao carro utilizado na execução.

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Fonte: G1 – Globo

Além disso, o júri condenou o ex-guarda municipal Marcelo Rios, de 46 anos, e o policial civil aposentado Vladenilson Daniel Olmedo, de 64 anos, apontado como os organizadores da execução. Olmedo também foi condenado por homicídio qualificado a uma pena de 18 anos, além de 3 anos e 6 meses por porte ilegal de arma, totalizando 21 anos e 6 meses de reclusão.

Marcelo Rios recebeu uma pena de 18 anos de prisão por homicídio qualificado, 3 anos e 6 meses por porte ilegal de arma, e 1 ano e 6 meses por receptação, resultando em uma pena total de 23 anos. Os advogados dos três réus informaram ao juiz que irão recorrer da decisão.

“A defesa técnica respeita a decisão do egrégio Conselho de Sentença, entretanto não concorda, e irá recorrer até a Suprema Corte, se necessário”, disse Eugênio Malavasi.

O júri condenou “Jamilzinho” a cumprir uma pena total de 46 anos e 8 meses de prisão, em regime fechado

Somando-se todas as penas, “Jamilzinho” terá que cumprir um total de 46 anos e 8 meses de prisão. Além desta condenação, ele já possui outras três em processo de recursos, que totalizam 23 anos e 2 meses de prisão por crimes de extorsão armada, formação de organização criminosa e porte ilegal de armas. Essa é a primeira condenação de alvos da Omertà, uma operação que recebeu esse nome em referência ao pacto de silêncio e fidelidade cobrada pelos chefões da máfia italiana, em um Tribunal do Júri, instituição do Poder Judiciário responsável por julgar crimes dolosos (com intenção) contra a vida.

Uma equipe conjunta, composta principalmente por policiais da Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestros) e investigadores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crimes Organizado), visou desmantelar uma organização criminosa dedicada a atividades ilícitas e execuções como meio de manter o controle.

Durante três extenuantes dias, o júri, composto por cidadãos comuns representantes da sociedade sul-mato-grossense, ouviu o depoimento de cinco testemunhas de acusação e quatro convocadas pelas defesas. No primeiro dia, o júri ouviu quatro testemunhas de acusação, incluindo os delegados Daniella Kades, Tiago Macedo e Carlos Delano, e o investigador do Garras Giancarlos de Araújo e Silva.

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Fonte: MGS News

O pai de Matheus, Paulo Xavier, prestou seu depoimento ao júri como informante, visto que possuía um laço afetivo com a vítima, e, portanto, não foi obrigado a fazer o juramento de “falar a verdade, somente a verdade”, uma vez que seu depoimento tendeu a ser mais emocional. Ele registrou detalhes da noite da morte de seu filho, que foi assassinado ao sair de casa para buscar seus irmãos, uma tarefa que normalmente era realizada pelo pai.

Durante seu testemunho, Paulo Xavier chorou muito e foi acompanhado em sua emoção pela mãe da vítima. O estudante de Direito, Matheus Coutinho Xavier, foi assassinado em 9 de abril de 2019. Paulo Roberto Teixeira Xavier, policial militar reformado, era o verdadeiro alvo e considerado traidor pela família Name.

O jovem foi baleado sete vezes com um fuzil AK-47, sendo o tiro fatal na base do crânio. A morte de Matheus iniciou uma investigação surpreendente que resultaria na queda de um dos clãs mais proeminentes de Campo Grande. Os julgamentos de Jamilzinho não terminam aqui.

O próximo júri popular, ainda sem dados definidos, diz respeito à morte do empresário Marcel Colombo, conhecido como Playboy da Mansão, assassinado em 2018 em um bar na avenida Fernando Correa da Costa, em Campo Grande. Jamil Filho também é acusado de ser o mandante desse crime, que teria ocorrido após uma briga dentro de uma boate cinco anos antes.

Fonte: Diário Corumbaense