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Justiça nos casos de linchamentos populares

Justiça nos casos de linchamentos populares

Uma das coisas que sempre me deixa inquieto e reflito são os linchamentos populares realizados nos casos de detenção de um criminoso após o flagrante delito. Nossa sociedade está com o mal balizado.

Naquele momento em que o agente é detido por populares, as pessoas são envolvidas por um sentimento coletivo de vingança e, naquele ato, agem para que a justiça seja feita ali, atuando em nome de uma justiça distorcida.

Um fato que me chama atenção é que todos os populares começam a agredir o criminoso, que ali perde o status de ser humano e passa a ser tratado como um objeto.

Percebo que a população não confia nas instituições da justiça, ficando claro a total falta de credibilidade e falha do Estado, pois esse justiçamento já levou inclusive a óbito pessoas inocentes, que são executadas sem direito a defesa ou devido processo legal. 

Não estou aqui tratando de direitos humanos ou algo parecido, mas do fenômeno social, de pessoas comuns que compram pão no dia a dia e estão na fila do banco.

Em nome de uma justiça adversa, abandonam os valores sócias e éticos e passam a ser criminosos, agridem uma pessoa e acreditam que isso é normal, que estão agindo em nome da “justiça”.

Por isso, indago: o que nos diferencia das pessoas que transgridem uma norma?

Vinte pessoas agredindo uma pessoa detida, que já está entregue, é o que nós faz “mocinhos”?

Se não tratarmos essas pessoas com os direitos mínimos, o que nos torna diferentes?

Não é suficiente a detenção do indivíduo e encaminhamento às autoridades policiais para sua responsabilização penal na forma da lei? 

Será que a banalidade do mal está tão viva no sentimento coletivo social e apenas esperando o momento oportunista para eclodir?

Será que os valores éticos e morais são apenas utilizados quando entendemos que é conveniente?

Defendo que as garantias devem ser sempre respeitadas e, mesmo que o acusado tenha praticado o crime mais bárbaro, deve ser julgado na forma da lei e não ter barbaridades perpetradas contra si.


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