Lula pressiona governador do RJ e diz que ‘polícia precisa saber diferenciar pobre de bandido’; entenda
Lula afirma que os policiais devem estar preparados psicologicamente para enfrentar a criminalidade
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), afirmou que é necessário que as forças policiais sejam treinadas para “diferenciar entre criminosos e indivíduos pobres que circulam pelas ruas”. Essa declaração foi feita em resposta à morte de Thiago Menezes Flausino, um jovem de 13 anos que foi baleado pela polícia na região da Cidade de Deus, zona oeste do Rio de Janeiro. Lula enfatizou a importância de que os policiais estejam preparados psicologicamente para enfrentar a criminalidade.
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Durante o evento, estiveram presentes o governador Cláudio Castro, do Partido Liberal (PL), e o prefeito Eduardo Paes, do Partido Social Democrático (PSD), entre outros representantes. Lula destacou que não se deve culpar exclusivamente a polícia, mas enfatizou que um agente que disparou contra um jovem já caído demonstrou uma falta de preparo psicológico para a profissão policial.
O presidente dirigiu-se ao governador Castro, salientando a necessidade de criar condições propícias para que a polícia possa agir eficazmente no combate ao crime. Lula enfatizou que não estava atribuindo responsabilidades somente aos governadores, mas que o governo federal também deveria assumir seu papel no auxílio aos estados no enfrentamento à violência, dado o avanço do crime organizado no país.
Foi a primeira vez que Lula se pronunciou sobre os incidentes recentes de mortes em ocorrências de ações policiais. Durante o período de 27 de julho a 2 de agosto, pelo menos 45 pessoas foram mortas em três estados. O presidente enfatizou a necessidade de colaboração entre o governo federal e estadual para criar um ambiente favorável para a polícia combater o crime de forma eficiente, ao mesmo tempo em que diferencia claramente entre criminosos e cidadãos de baixa renda.
Em relação a medidas concretas, Lula mencionou uma operação de combate ao crime organizado que envolve a segurança das bases da Polícia Federal, o emprego das Forças Armadas e acordos internacionais com países vizinhos, embora não tenha entrado em detalhes.
No começo do discurso, Lula criticou o adversário, como fazia durante a campanha eleitoral
O evento teve lugar em um estádio localizado em Campo Grande, bairro da zona oeste do Rio, que foi uma das regiões onde o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu mais votos em todo o Brasil durante as eleições de 2022. No início de seu discurso, Lula também aproveitou para criticar seu oponente político, assim como fez durante a campanha eleitoral. A morte do adolescente de 13 anos, Thiago Menezes Flausino, ocorreu em meio a uma operação da Polícia Militar na Cidade de Deus no último domingo (6). Os moradores acusam os policiais pela morte do jovem e alegam que os agentes já chegaram atirando.
De acordo com o tio de Thiago, Hamilton, o sobrinho estava andando de moto com outro jovem quando foram surpreendidos por tiros disparados pela polícia em uma esquina da Cidade de Deus. Thiago teria sido atingido por um tiro na perna e, após cair no chão, acabou morto. A família baseia sua versão dos eventos em um vídeo das câmeras de segurança de um estabelecimento próximo ao ocorrido. Os responsáveis pelos disparos pertencem ao Batalhão da Polícia de Choque e estavam conduzindo atividades de policiamento na área quando foram alvo de um ataque, de acordo com a versão fornecida pela Polícia Militar.
Segundo o comunicado oficial da instituição, após o confronto, um jovem menor de idade foi descoberto ferido e não conseguiu sobreviver aos ferimentos. Além disso, uma pistola calibre 9mm foi confiscada no local. Lula fez uma viagem ao Rio de Janeiro com o propósito de estabelecer uma parceria com a administração municipal para investir em melhorias de mobilidade e transporte, com foco especial no sistema BRT e na construção de um novo anel viário em Campo Grande.
Antes de formalizar o acordo perante uma audiência esperada em 5.000 apoiadores, Eduardo Paes fez um gesto de coração com as mãos em direção a Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, e também elogiou Lula pelo compromisso de investimento.
Quando Castro foi mencionado por Paes durante o discurso, ele foi alvo de vaias. Aqueles que estiveram presentes no evento, predominantemente filiados a partidos de esquerda e centro-esquerda, expressaram descontentamento com a presença do governador, que foi reeleito com o apoio de Bolsonaro. Durante sua fala, que durou cerca de 20 minutos, Lula adotou uma postura conciliatória: “O governador foi meu adversário nas eleições, mas essa fase já passou. Agora estamos trabalhando juntos”, declarou.
Fonte: UOL