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Madrasta acusada de envenenar enteados passa por audiência de instrução

Na última sexta-feira, ocorreu a primeira audiência de instrução e julgamento do processo contra Cíntia Mariano Dias Cabral, madrasta acusada de envenenar os enteados, Bruno e Fernanda Cabral. A audiência foi realizada pelo 3º Tribunal do Júri da Capital no Rio de Janeiro.

A mulher foi acusada de ter envenenado os enteados, Fernanda (22), que morreu no dia 28 de março após ficar 13 dias internada, enquanto que Bruno, de 16 anos, sobreviveu à tentativa de homicídio ocorrida em maio.   

Durante a audiência, foram ouvidas 22 testemunhas de um total de 27 indicadas pelo Ministério Público e pelos advogados de Cíntia, em sessão que durou cerca de seis horas.  

madrasta
Imagem: Diário do Nordeste

Na próxima semana, o juiz designará uma nova data para ouvir cinco testemunhas de defesa que não compareceram e realizar o interrogatório da acusada, último ato que é realizado em audiências criminais.

Testemunhas de caso de madrasta que envenenou enteados são ouvidas 

Cinco testemunhas chave do suposto crime foram ouvidas e deram seus relatos na audiência.

A primeira foi a perita Gabriela Suares, que realizou a exumação do corpo de Fernanda. Em depoimento, ela relatou que o exame não encontrou substâncias estranhas, o que pode ter ocorrido devido ao tempo de internação da jovem e ao estado de decomposição do cadáver.   

Em seguida, a mãe dos jovens, Jane Carvalho Cabral, depôs na audiência, onde relatou que, após almoçar com o pai e a madrasta, Bruno chegou em casa desconfiado.   

“Ele ficou nervoso, dizendo que estava achando tudo estranho. Que sentiu o feijão amargo e viu pedrinhas azuis na comida. Passados vinte minutos, começou a se sentir mal, com muita tontura, intenso suor, a língua começou a enrolar”.  

Jane Cabral disse que, nesse momento, desconfiou da situação e lembrou dos sintomas que Fernanda havia sentido antes de morrer, em março do mesmo ano.

“Ali eu tive a certeza de que Bruno e Fernanda foram envenenados. Minha filha era linda, cheia de vida. Cíntia fez isso por ganância”. 

Jane relembrou que Fernanda já havia relatado episódios de tonturas e inchaço na barriga após comer a comida da madrasta. 

A terceira testemunha ouvida foi Bruno Carvalho Cabral, irmão de Fernanda e enteado de Cíntia. Ele detalhou como foi o dia do almoço e como desconfiou ao experimentar a comida feita por Cíntia.

“Cíntia me convidou para almoçar na casa deles. Ela foi pessoalmente me buscar na escola junto com o meu pai. Na hora do almoço, ela já me trouxe um prato com feijão e pediu para me servir com arroz, batata frita e bife. Quando comi o feijão, senti um gosto amargo e comecei a mexer. Foi quando vi umas pedrinhas azuis. Comecei a separá-las do restante da comida e questionei a Cíntia. Ela ficou muito nervosa e tirou o prato da minha mão. Jogou fora a parte que eu separei e colocou mais feijão. Como o gosto ruim continuou, passei a comer só a carne”. 

Bruno contou que pediu para o pai levá-lo para casa da mãe e ao chegar relatou a sua desconfiança para Jane. Ele lembrou que após cochilar por 20 minutos, acordou suado e muito tonto.   

“Não conseguia levantar da cama. Não via nada direito. Fiquei cinco dias internado no CTI e entubado um dia. Vomitei muitas vezes no hospital”.

O pai de Bruno e Fernanda, Adeilson Jarbas Carvalho, também depôs no 3° Tribunal do Júri. Ele informou que ele e Cíntia estão separados, mas que ficaram casados por quatro anos. Segundo ele, a acusada tinha um ciúme excessivo. 

“Ela tinha ciúmes da minha relação com meus filhos. Ela sumia com coisas da casa, com dinheiro, carteira. Eu achava que era o Bruno, mas era ela. Criava atritos para desgastar a minha relação com eles. Ela também apagava as mensagens do meu celular. O Bruno me respondia no WhatsApp, mas ela apagava antes que eu pegasse no meu celular”.

Filhos biológicos de Cíntia, Carla Mariano Rodrigues e Lucas Mariano Rodrigues contaram que logo que Bruno foi internado desconfiaram das atitudes da mãe. Os dois confirmaram terem ouvido a confissão da mãe pelos crimes.

Relataram também que Cintia tentou se suicidar e foi internada no hospital. 

“Foi muito nítido o nervosismo dela manuseando o prato de Bruno e o fato de ele ter passado mal logo depois”.

Fonte: TJRJ

Daniele Kopp

Daniele Kopp é formada em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) e Pós-graduada em Direito e Processo Penal pela mesma Universidade. Seu interesse e gosto pelo Direito Criminal vem desde o ingresso no curso de Direito. Por essa razão se especializou na área, através da Pós-Graduação e pesquisas na área das condenações pela Corte Interamericana de Direitos Humanos ao Sistema Carcerário Brasileiro, frente aos Direitos Humanos dos condenados. Atua como servidora na Defensoria Pública do RS.

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