Mãe desesperada de brasileira assassinada na Nicarágua implora por ajuda de Lula
Maria José Da Costa, a mãe da estudante brasileira Raynéia Gabrielle Da Costa Lima Rocha, sente que o governo brasileiro abandonou a única vítima brasileira da repressão do governo de Daniel Ortega, presidente da Nicarágua.
Raynéia foi assassinada a tiros enquanto dirigia seu carro em Lomas de Monserrat, em Manágua, em julho de 2018. Maria José, a mãe da brasileira, afirma que durante o governo Temer, eles receberam pouca ajuda e só conseguiram repatriar o corpo de sua filha graças ao ex-governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSDB-PE).
Mãe de brasileira assassinada espera ajuda do presidente Lula contra repressão do Governo da Nicarágua
Desde então, não receberam mais ajuda e esperam que a volta do presidente Lula possa trazer uma “pequena luz de esperança no fim do túnel”. Maria José dorme há quase cinco anos com a certeza de que o assassino confesso de Raynéia não foi quem atirou naquela noite fatídica em Manágua.
“Eu recebi somente os documentos da minha filha do Itamaraty. Quando entrei em contato com o Itamaraty, eles disseram que fornecem apoio aos familiares em caso de mortes no exterior, mas não possuem orçamento e não têm permissão legal para pagar pelo transporte de pertences com dinheiro público em tais casos.”
O site Nicarágua Investiga (NI) investigou e descobriu que Pierson Adán Gutiérrez Solís, condenado pelo assassinato, está atualmente em liberdade e recebe um salário do Estado nicaraguense por trabalhar no Instituto Regulador do Transporte do Município de Manágua. O site também revelou que Pierson Solís participa ativamente de eventos públicos organizados pela prefeitura de Manágua e já esteve envolvido em grupos paramilitares no passado.
Maria José também revelou que o namorado nicaraguense de Raynéia, Hernet Nathan Lara Moranga, que presenciou o assassinato enquanto seguia o carro da brasileira, foi forçado a deixar o país com sua família devido a ameaças de morte.
Raynéia foi baleada enquanto passava de carro na frente do condomínio onde morava um tesoureiro da Frente Sandinista, partido do presidente Ortega.
A mãe de Raynéia busca justiça e responsabiliza o governo da Nicarágua pelo assassinato de sua filha, acreditando que o assassino confesso esteja protegendo um militar que trabalha para o Estado.
Após Pierson Solís confessar o assassinato de Raynéia Gabrielle da Costa Lima, jornalistas locais conseguiram descobrir que ele tinha ligações com a Frente Sandinista e havia servido no Exército até 2009. Descobriu-se que Pierson havia usado uma arma de alto calibre, que é de uso exclusivo da Polícia Nacional e do Exército.
No entanto, o Exército nunca investigou como a arma chegou às mãos de Pierson. A Justiça brasileira alegou que Pierson disparou porque Raynéia estava dirigindo de forma descontrolada e em atitude suspeita, colocando em risco a vida dos seguranças particulares presentes no local. Ele foi condenado a 15 anos de prisão em uma audiência de 35 minutos, a portas fechadas.
Em julho de 2019, o Tribunal de Apelações de Manágua ordenou sua libertação e anulou seus antecedentes penais com base na Lei de Anistia criada pelo regime de Ortega após os protestos em 2018. No entanto, a lei mencionava apenas “presos políticos”, categoria na qual Pierson não se encaixa.
O caso de Raynéia revelou a contradição do governo, que sempre argumentou que o assassino não estava relacionado ao contexto dos protestos.
Fonte: F5 online