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Luta em meio a dor: mães de vítimas de chacinas buscam reparação do Estado e sofrem com problemas psicológicos

As consequências ocultas das chacinas nas comunidades carentes

A série de massacres que assola as comunidades pobres do Brasil esconde uma realidade dolorosa dentro desse cenário já trágico. 

Após a perda traumática e violenta de seus filhos, as mães das vítimas enfrentam uma batalha silenciosa marcada por doenças psicológicas e falta de apoio do Estado. Essas mulheres de baixa renda não têm acesso a terapeutas, assistentes sociais e também sofrem com o empobrecimento devido à perda de um ente familiar economicamente ativo.

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Imagem: Rafael Bonifácio

O relato de dona Zilda – Uma vida em luto

Aos 70 anos, Zilda Maria de Paula é uma das mães que vivenciam essa triste realidade. Ela perdeu seu único filho, Fernando Luiz de Paula, de 34 anos, no dia 13 de agosto de 2015, durante o que ficou conhecido como a chacina de Osasco. 

Dona Zilda, como é chamada pelas companheiras do Movimento Mães de Maio, enfrenta a dor de maneira solitária, com o apoio limitado de outras mulheres do movimento social e a companhia de nove cachorros em sua casa no Jardim Mutinga, em Osasco.

A necessidade de assistência e apoio

A falta de assistência estatal e políticas públicas para lidar com o trauma da perda leva as mães a buscarem soluções por conta própria. Dona Zilda e outras mães compartilham histórias de luta, mas também de sofrimento físico e mental. 

A falta de acompanhamento psicológico e apoio financeiro agrava a situação, afetando não apenas as mães, mas também suas famílias.

Uma pesquisa realizada pelo Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF) da Universidade Federal de São Paulo revela o impacto da perda violenta de entes queridos nas mães das vítimas. 

A pesquisa destaca que a dor da perda resulta em graves problemas de saúde física e mental devido ao silenciamento do sofrimento e à ausência de políticas públicas de reparação.

Caminhos para a reparação e projeto de lei das “Mães de Maio

Para enfrentar essa realidade desafiadora, é fundamental criar espaços de diálogo e ouvir as demandas das mães que sofrem com a violência do Estado. 

O projeto de lei das Mães de Maio, em tramitação na Câmara, busca criar um programa abrangente de apoio para lidar com os impactos econômicos, psicológicos e sociais das mães de vítimas da violência institucional. Além disso, é essencial que o governo federal assuma um papel ativo na reparação das famílias afetadas por essas tragédias.

A esperança de um futuro melhor

Mães como Dona Zilda, Débora, Mira e muitas outras continuam lutando não apenas por si mesmas, mas também por um futuro mais promissor para seus netos. Elas buscam o apoio financeiro do governo para garantir que essas crianças não sejam afetadas por uma “subvida” devido à perda de seus pais. 

A busca por justiça e reparação permanece, apesar dos obstáculos e desafios que enfrentam.

A necessidade urgente de políticas públicas

A falta de respostas práticas para cessar a violência que atinge as comunidades mais carentes do Brasil revela a urgência de políticas públicas abrangentes. 

O governo federal, em conjunto com os governos estaduais, deve assumir a responsabilidade de enfrentar essa crise e fornecer apoio adequado às mães e suas famílias. 

A reparação não é apenas uma questão de justiça, mas também uma necessidade urgente para aliviar o sofrimento e garantir um futuro mais brilhante para aqueles afetados por essa tragédia.

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