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Caso Marielle Franco: quem são as três mulheres investigadas por envolvimento na trama do crime

Essas mulheres são Aline Siqueira de Oliveira, Elaine Pereira Figueiredo Lessa e Alessandra da Silva Farizote

Após cinco anos de investigações sobre o homicídio da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, diversas pessoas foram associadas ao crime. No mais recente desenvolvimento, a operação Élpis resultou na detenção de Maxwell Simões Correa, ex-sargento do Corpo de Bombeiros, também conhecido como Suel. Além dos principais suspeitos, três mulheres foram incluídas na lista de investigados do crime, seja por estarem associadas aos suspeitos ou por suspeitas de obstrução da justiça. Essas mulheres são Aline Siqueira de Oliveira, Elaine Pereira Figueiredo Lessa e Alessandra da Silva Farizote.

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A esposa de Maxwell Simões, Aline Siqueira de Oliveira, está sob investigação da Polícia Federal. Segundo um recente relatório da PF, ela é suspeita do crime de lavagem de dinheiro proveniente de atividades ilícitas atribuídas ao marido. Aline também teria tido contato com Élcio de Queiroz e Ronnie Lessa na noite do assassinato, após a ocorrência dos homicídios. Mesmo sem emprego formal há mais de sete anos, ela demonstra uma significativa movimentação financeira em sua conta bancária. Uma Land Rover registrada em seu nome foi avaliada em mais de R$ 160 mil.

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Fonte: Exame

Aline teve seu último emprego em novembro de 2015, quando trabalhou em uma loja de calçados, recebendo um salário médio de R$ 2.385 na época. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) chamou a atenção para uma transferência de R$ 213 mil realizada por Aline entre setembro do ano anterior e fevereiro do ano corrente para adquirir a Land Rover. O valor excedeu a avaliação do veículo devido à blindagem. Aline transferiu o dinheiro para uma empresa especializada em leilões. O Coaf destacou em seu relatório que Aline não teria a capacidade financeira para efetuar um pagamento desse montante.

Além disso, o Coaf registrou que Aline recebeu mais de R$ 56 mil em transferências feitas por Suel entre março de 2019 e outubro de 2021. Desde junho de 2020, ela atua como procuradora de seu marido, responsável por suas questões financeiras. De acordo com a investigação da PF, Suel assumiu as atividades ilícitas de Ronnie Lessa após a prisão deste último. Ambos estavam envolvidos em atividades de milícia em Rocha Miranda, na Zona Norte do Rio, onde lucravam com serviços ilegais de transmissão de sinal de TV a cabo. Essa informação foi compartilhada por Élcio de Queiroz em seu depoimento à Polícia Federal.

Elaine Pereira Figueiredo Lessa, esposa de Ronnie Lessa, enfrentou a prisão na operação Submersus, conduzida pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio, em outubro de 2019. Sua detenção ocorreu após investigações que a apontaram como responsável por eliminar as armas de seu marido, buscando eliminar possíveis provas do crime. Ela foi condenada a quatro anos de prisão por obstrução da justiça. As investigações indicam que Elaine selecionou pessoas confiáveis, incluindo seu irmão Bruno Figueiredo, para descartar a submetralhadora HK-MP5, supostamente usada no crime, nas águas próximas às Ilhas Tijucas, na Barra da Tijuca.

Em depoimento, Elaine revelou que Lessa a instruiu a obter registros de entrada no condomínio no dia do crime

Elaine também foi auxiliada por Josinaldo Lucas Freitas, conhecido como Djaca, e Márcio Gordo. Em um depoimento prestado há dois meses, Elaine revelou que Lessa a instruiu a obter registros de entrada no condomínio no dia do crime, após ser intimado a depor no caso. Quando questionado sobre o motivo, ele apenas afirmou que “precisaria”. Aos investigadores, Elaine explicou que, ao longo de seu casamento com o ex-membro do Bope, fazia poucas perguntas e obtinha poucas respostas. Eles não se comunicam há cerca de três anos.

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Fonte: Brasil 247

Em um dos telefones apreendidos na residência de Lessa durante sua prisão, no momento em que o ex-policial militar foi detido, o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro encontrou imagens das planilhas contendo registros dos veículos que acessaram o condomínio no dia em que ocorreu o crime, em 14 de março de 2018. Segundo os investigadores, a esposa de Lessa não teria obtido acesso às filmagens das câmeras da portaria, mas apenas às informações sobre os automóveis.

Alessandra da Silva Farizote passou a ser alvo da investigação devido a denúncias anônimas feitas ao Disque Denúncia. As informações indicaram que a arma usada para assassinar a vereadora e o motorista estava sob a posse do casal Alessandra da Silva Farizote e João Paulo Viana dos Santos Soares, conhecido como Gato do Mato, em um condomínio na Freguesia, Zona Oeste. As autoridades policiais observaram que Ronnie Lessa fez uma pesquisa na internet sobre um supermercado próximo à residência do casal por volta das 19h41 do dia 16 de março, buscando orientações sobre como chegar ao local. Esse ponto de referência foi mencionado nas denúncias para identificar o condomínio onde o casal estava.

Durante a tarde, houve um registro do sinal do telefone de Lessa a poucos metros da casa de sua mãe. A polícia considera essa informação como uma evidência significativa de que ele poderia ter obtido a arma do crime nesse local e levado para a casa de Alessandra e João Paulo. Além disso, fontes confiáveis confirmaram que Alessandra teve um relacionamento de longa data com Lessa, enquanto João Paulo era “um amigo próximo que também desempenhava atividades delicadas, como a coleta de pagamentos de aluguel e máquinas caça-níqueis em nome de Lessa”. Com base nesses elementos, os investigadores acreditam que o casal possuía uma relação de confiança com o ex-sargento.

Fonte: Folha de Pernambuco

Daniele Kopp

Daniele Kopp é formada em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) e Pós-graduada em Direito e Processo Penal pela mesma Universidade. Seu interesse e gosto pelo Direito Criminal vem desde o ingresso no curso de Direito. Por essa razão se especializou na área, através da Pós-Graduação e pesquisas na área das condenações pela Corte Interamericana de Direitos Humanos ao Sistema Carcerário Brasileiro, frente aos Direitos Humanos dos condenados. Atua como servidora na Defensoria Pública do RS.

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