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Massacre na Escola: A Ética em debate no novo documentário da HBO

Documentário “Massacre na Escola”: Uma Análise Ética Suscetível a Interpretações

O mais recente documentário da HBO, intitulado “Massacre na Escola – A Tragédia das Meninas de Realengo” tem agora o olhar dos cinéfilos e da crítica. A obra está enraizada no gênero de “true crime”, no entanto faz a escolha consciente de não mostrar o rosto ou mencionar o nome do criminoso responsável pelo terrível massacre. As criadoras justificam esta decisão como sendo uma responsabilidade ética e moral para com a sociedade, com o objetivo de desencorajar ataques semelhantes.

Este documentário mergulha profundamente na trágica história da morte dos 12 alunos de uma escola estadual no Rio, em 2011, pelo mesmo que estudou lá na infância, e faz uma tentativa de analisar a psique do assassino sem nunca realmente revelar a sua identidade. Isso levanta uma questão intrigante para o público e a crítica: omitir o nome e o rosto do criminoso é o suficiente? Não poderiam produções como esta inspirar atos violentos similares, mesmo que retratem criminosos anônimos?

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“Massacre na Escola”: Mais que apenas uma reconstituição de um crime?

Apesar da abordagem cuidadosa, o documentário não se esquiva de mostrar, em várias ocasiões, representações gráficas do corpo do assassino espalhado na escada da escola. No entanto, o maior contraste é observado entre as escolhas éticas tomadas na produção deste documentário e em outro da mesma emissora – a série “Flordelis, em Nome da Mãe”.

A HBO refletiu escolhas éticas questionáveis ao oferecer uma remuneração de R$ 480 mil à protagonista da série, Flordelis, condenada pela morte do marido, para adquirir imagens exclusivas para a série documental de sua narrativa. Este ato de remuneração de um criminoso condenado lança um véu de suspeita sobre a ética da produção, trazendo à luz a questão de uma possível capitalização dos crimes.

Previsibilidade do Gênero True Crime: “Massacre na Escola” Consegue Quebrar o Molde?

Além de seu polêmico foco na representação do autor do crime, a série também tenta examinar a possibilidade de feminicídio – o assassinato de dezenove meninas e dois meninos pelo autor. Vários testemunhos analisam essa tese, embora o julgamento final ainda possa ser inconclusivo.

Entre outros pontos dignos de nota na série estão suas tentativas de abordar problemas como o bullying na infância do assassino, a facilidade de compra de armas e a influência dos videogames violentos sobre os jovens. No entanto, apesar de suas tentativas de avançar além do massacre em si, a série acaba caindo em uma armadilha emocional típica do gênero “true crime”, tentando extrair emoção do público com testemunhos pungentes de sobreviventes do massacre.

Lições do Massacre: A Influência Duradoura

O documentário exibe alguns personagens notáveis, como o policial militar aposentado que interrompeu o massacre, marcando uma presença heróica. Além disso, Marduk, o ex-diretor da escola que defendeu a reabertura da escola, provou ser uma presença inspiradora contra a tragédia.

Enquanto o documentário “Massacre na Escola” faz uma tentativa louvável de apresentar uma narrativa de tragédia, morte e sobrevivência com um ângulo ético, a questão pendente continua sendo se a omissão do rosto e do nome do assassino é suficiente ou se a produção acaba por perpetuar a inspiração para crimes violentos semelhantes.

Redação

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