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Morte brutal de famosa policial coloca a Milícia do Rio de Janeiro em cheque

Neste domingo (26), o corpo da policial militar Vaneza Lobão foi sepultado no Rio de Janeiro. A oficial tinha 31 anos e fazia parte da corporação há 10 quando foi assassinada de forma brutal em frente à garagem de sua residência.

De acordo com o governador do RJ, Cláudio Castro, a policial teria sido morta por integrantes das mílicias. “Há indícios fortes de que sejam milicianos que ela investigava”, disse Castro.

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Imagem: Reprodução/Extra

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A policial atuava na 8ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (subordinada à Corregedoria-Geral da Polícia Militar), trabalhando no setor de investigação de milicianos e contraventores. Os bandidos que a assassinaram, quando ela tentava sair da garagem com seu carro, estavam todos encapuzados, usavam um carro preto e armas pesadas.  

Desde a morte da policial, as autoridades afirmam que haverá rapidez na investigação, que contará com o auxílio da Polícia Federal.

Assassinato de policial possui semelhanças com caso Marielle

Em 2018, próxima de completar o 6º ano de mandato, a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco foi assassinada por milicianos, com autoria material creditada ao ex-PM Ronnie Lessa. No entanto, até hoje, a despeito de inflamadas manifestações e reiterados compromissos de autoridades, os mandates do cruel assassinato nunca foram descobertos.

Obras literárias retratam atuação das milícias no RJ

Dois livros recentes sobre a atuação das milícias no Rio de Janeiro trazem documentos contundentes e revelações espantosas sobre a atuação desses grupos no estado: “A república das milícias: dos esquadrões da morte à era Bolsonaro”, publicado em 2021 com autoria de Bruno Paes Manso; e “Milicianos”, de 2023, escrito pelo jornalista Rafael Soares.

O livro neste ano diz que a relação “praticamente simbiótica entre a polícia e a milícia garante o funcionamento harmônico dessa engrenagem criminosa.” Ainda afirma que ”o braço armado do Estado não encara os paramilitares como criminosos, mas como parceiros. E não é que ignorem que a milícia domina os territórios à força, fazendo seus moradores de reféns. As escutas feitas pelo GAECO mostram policiais pedindo ajuda a paramilitares para solucionar crimes, fazendo bico como guarda-costas para milicianos e frequentando suas festas nas favelas.” 

No livro, Rafael Soares atesta que essa cumplicidade entre Estado e o crime não existe por acaso: hoje, agentes egressos das forças de segurança, muitos ainda na ativa, estão por todo o organograma da quadrilha, da base ao topo.  

Uma das descobertas mais chocantes no livro “Milícias”, é a que conta a trajetória do policial Ronnie Lessa, que apesar de ter sua trajetória na PM marcada por uma série de denúncias de crimes – de tortura a homicídios- nunca foi investigado ou punido. Pelo contrário, foi treinado para continuar cometendo crimes. Foi condecorado, promovido e ganhou bonificações salariais justamente por conta do rastro de corpos que deixou pelo chão enquanto trabalhava para o Estado. No auge da carreira, ele decidiu vender o conhecimento que adquiriu dentro da corporação para matar em nome do crime.  

A morte de Vaneza Lobão, assassinada certamente pela ação das milícias, parece importante, pela figura emblemática de Ronnie Lessa, trazer à memória alguns pontos cruciais acerca do domínio que os operadores da criminalidade assumiram sobre o Estado do Rio de Janeiro. Algo tão degradante e tão fortemente crescente, que parece nunca ter fim.

Fonte: meionorte.com

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