Entre erros e injustiças: desvendando as causas de ser preso injustamente

No dia 2 de outubro de 2016, Igor Barcellos, morador da periferia de Guarulhos, foi preso acusado de um crime que não cometeu. A condenação veio após uma coincidência assustadora: na madrugada em que foi celebrar com amigos, Igor acabou baleado no tornozelo durante uma abordagem na Avenida Sezefredo Fagundes. Pouco tempo depois, enquanto estava hospitalizado, foi reconhecido em uma foto tirada por policiais por uma vítima de roubo.

“Saí do hospital preso”, conta Igor, que mesmo alegando inocência, foi condenado a 15 anos e seis meses de reclusão por roubo e tentativa de latrocínio. A pesar do susto e das dificuldades em se readaptar na sociedade, hoje Igor alimenta o sonho de se tornar músico e viver do funk.

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O Innocence Project Brasil: Um sopro de esperança

Capitaneando a luta pela ressignificação do caso de Igor esteve a advogada Dora Cavalcanti, diretora do Innocence Project Brasil. Trata-se de uma associação sem fins lucrativos com a missão de revisitar casos de prisões injustas e lutar pela liberdade dos condenados inocentes. Criado em 2016, o projeto brasiliense é um desdobramento da organização homônima sediada nos Estados Unidos.

“Eu tinha atuado um ano como advogada visitante na sede da Califórnia”, conta Cavalcanti. “Assim que voltei ao Brasil, convidei outros dois advogados, que hoje também são diretores do Innocence Project Brasil, para montar uma sede da associação no país.”

Qual o perfil, preso injustamente no Brasil?

É importante mencionar que no Brasil não há recolhimento de dados nacionais que apontem quantas pessoas entre os quase um milhão de presos foram condenadas apesar da inocência. No entanto, por meio dos casos trabalhados pelo Innocence Project Brasil, é possível traçar um perfil aproximado desses indivíduos.

Nesse contexto, é encontrado um reflexo expressivo do sistema carcerário brasileiro. Grande parte dos condenados inocentes são jovens, negros, periféricos, com baixa escolaridade e sem emprego formal. “Aí, sim, o componente do racismo estrutural entra”, afirma Cavalcanti.

A luta continua

Atualmente, o Innocence Project Brasil já analisou quase 6.000 casos e conseguiu libertar seis pessoas, incluindo Igor. No entanto, para que o projeto possa engajar ainda mais na luta contra as condenações injustas, são necessárias doações permanentes e significativas.

Se você deseja ajudar, pode fazer uma doação para o Innocence Project Brasil. Assim como Igor, que conseguiu retomar a sua liberdade e o selo de inocência, muitos outros estão na fila aguardando a chance de terem suas vidas devolvidas.