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MPF pede reparação: investigação inédita sobre a participação do Banco do Brasil na escravidão resulta em inquérito

Inquérito Civil Público Investiga Envolvimento do Banco do Brasil com Escravidão

Em uma ação sem precedentes no Brasil, o Ministério Público Federal (MPF) notificou o Banco do Brasil sobre a abertura de um inquérito civil público. O intuito é investigar a possível relação da instituição com a escravidão e o tráfico de escravos africanos durante o século 19. A iniciativa partiu de um grupo de 14 historiadores de 11 universidades e busca dar início a um movimento de cobrança por reparação histórica de grandes e centenárias instituições brasileiras.

Os responsáveis pelo inquérito descobriram que entre os fundadores do Banco do Brasil estavam notórios negociantes de escravizados da época. Tais descobertas são resultado de extensa pesquisa sobre a economia escravista e seus negociantes. A relevância dessas informações passa a exigir uma atuação direta das entidades envolvidas na reparação histórica.

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MPF em investigação inédita contra o Banco do Brasil. Imagem: SODF

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O que espera o MPF com o inquérito?

O MPF deseja que o Banco do Brasil reconheça a gravidade das ações do passado e direcione esforços para investigá-las. Além disso, espera-se que o banco invista em pesquisas acadêmicas sobre o tema e futuramente financie projetos de reparação e políticas públicas voltadas à comunidade negra. O debate sobre reparação histórica é um movimento mundial e, no caso brasileiro, procura-se fomentar discussões aprofundadas para evitar que esta parcela da história seja silenciada.

Qual a resposta do Banco do Brasil?

Ao ser notificado sobre o inquérito, o Banco do Brasil esclareceu que analisará o conteúdo do documento e fornecerá as informações necessárias dentro do prazo estipulado. O jurídico da instituição será responsável pela averiguação e prestará o devido retorno ao MPF.

Como o Banco do Brasil participou da escravidão?

Estudos dos últimos cinco meses indicam que o envolvimento do Banco do Brasil com a escravidão correu por razões financeiras. Da mesma forma, o banco financiava outros setores que se beneficiavam de escravidão. Assim, poderosos traficantes de africanos surgem entre os fundadores do BB. Entre eles, está José Bernardino de Sá, maior acionista do banco em 1853 e considerado o maior contrabandista de africanos do período.

Entre as ações do banco relacionadas à escravidão, constam empréstimos a fazendeiros proprietários de escravizados, como os Irmãos Breves, conhecidos pela sua vasta quantidade de escravos espalhados por suas fazendas no Rio e em São Paulo. Ou seja, ao tempo em que o banco financiava a escravidão, a escravidão também financiava o banco.

Qual o futuro desse inquérito?

Esse inquérito do MPF pode ser apenas o começo de um amplo movimento de reparação histórica no Brasil. Conforme o historiador Bruno Lima, é necessário um esforço conjunto das instituições para reconhecer o legado não só do Banco do Brasil mas de todas as instituições com mais de 150 anos cuja história esteja ligada à escravidão.

Fonte: BBC

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