Força nas sombras: como as mulheres do Calutron contribuíram para o transporte da bomba de Hiroshima
Filme “Oppenheimer” retoma história das operárias que prepararam material para bomba de Hiroshima
Um dos principais aspectos do final da Segunda Guerra Mundial, que é frequentemente esquecido, é o papel desempenhado pelas “garotas do calutron”. Este grupo de jovens trabalhou arduamente para preparar o combustível que eventualmente matou 140 mil pessoas em Hiroshima. Agora, estas histórias estão vindo à luz através do filme “Oppenheimer”, dirigido por Christopher Nolan.
A palavra “calutron” é uma combinação de “California University cyclotron”, em homenagem à Universidade da Califórnia, em Berkeley, onde esses dispositivos foram criados. Eram espectrômetros de massa que separavam os isótopos de urânio, utilizando um campo magnético para destacar o urânio 235 — material físsil da bomba atômica Little Boy.
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Quem eram as “garotas do calutron” e como operavam e ajudaram na bomba de Hiroshima?
No início de um futuro incerto, em 1943, milhares de mulheres recém-formadas no ensino médio eram recrutadas diariamente para trabalhar na chamada Planta de Separação de Isótopos Eletromagnéticos Y-12, uma instalação do Projeto Manhattan, dirigido por J. Robert Oppenheimer. A localização estratégica era Oak Ridge, no estado americano do Tennessee.
A importância desse trabalho pode ser destacada pelo fato de que a Y-12 tinha 1.152 calutrons instalados, e a produção total entre 1944 e 1945 foi de 64 quilos de urânio 235, o suficiente para abastecer a bomba lançada sobre Hiroshima no dia 6 de agosto de 1945. Segredos eram mantidos a sete chaves, com as jovens operárias alheias ao impacto de seu trabalho.
Como as “garotas do calutron” aprenderam sobre o impacto de seu trabalho?
Somente com a explosão catastrófica em Hiroshima, em 6 de agosto, as operárias foram informadas sobre a verdadeira dimensão de seu trabalho. Em uma entrevista à AtomicHeritage no YouTube, uma das trabalhadoras expressou primeiramente alegria pela previsão do fim da guerra, em seguida choque ao conhecer a escala da destruição.
“Eu estava no trabalho quando foi anunciado. A princípio, ficamos felizes em pensar que a guerra havia acabado. A primeira coisa que pensei foi: ‘Meu namorado poderá voltar para casa'”, disse ela. Quando soube do número de mortos, ela concluiu: “Não gostei da ideia de ter feito parte disso”.
Reflexões e lições para o futuro
As histórias das “garotas do calutron” trazem à tona questões incômodas sobre o uso de tecnologia e ciência com intenções malignas e as consequências inimagináveis de uma guerra. Também nos fazem pensar sobre o lado humano na produção de tais armas de destruição em massa. Continuamos a lutar para garantir que tais armas nunca mais sejam usadas, enquanto honramos a memória de todas as operárias e vítimas desta história da humanidade.