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Mulheres negras são principais vítimas de feminicídio no Brasil, aponta levantamento

Considerando apenas os dados disponibilizados de forma completa, os números apontam que cerca de 75% das mulheres assassinadas no primeiro semestre deste ano no Brasil são negras. O percentual diminui para quase 50%, no entanto, do total de vítimas de agressões cometidas por companheiros em casa e estupros.

Mais de um terço dos estados do país não divulga a raça das mulheres vítimas de violência. E, mesmo entre os que divulgam, os dados apresentam falhas, já que, em boa parte, o campo aparece como “não informada”.

Os dados, inéditos, fazem parte de um levantamento com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal.

A pesquisa solicitou as informações de raça de todas as mulheres que foram vítimas de homicídio doloso (incluindo feminicídio), lesão corporal em contexto de violência doméstica, estupro e estupro de vulnerável no primeiro semestre de 2020.

Dados revelam que feminicídio de mulheres negras é de cerca de 75%

De acordo com o levantamento, elas representam 67% dos casos notificados em 2020, sendo as mulheres pardas 61% e as pretas, 6%. As mulheres brancas correspondem a 29,5% dos feminicídios e as indígenas, 1%.

Em 2020, 3822 mulheres foram assassinadas no País, um aumento de 10% em relação ao ano anterior. A maioria das mulheres assassinadas estão na faixa etária de 15 a 29 anos (41%) e 30 a 44 anos (33%).

Metade das vítimas foram assassinadas com armas de fogo, um aumento de 5,7% em relação aos registros de 2019. Na sequência aparecem os objetos cortantes em 26% dos casos, força corporal 9%, objetos contundentes 6% e produtos químicos 3%.

Há uma escalada no assassinato de mulheres negras no País, que sofreu aumento de 45% de 2000 a 2020. No mesmo período, o feminicídio de mulheres brancas recuou em 33%.

Além disso, os dados revelam que: 

– 10 estados não divulgam os dados de forma completa (sete não apresentam nenhuma informação sobre raça e três têm apenas números parciais).

– Em mais da metade dos casos de quatro dos cinco crimes pesquisados não consta a raça (seja porque ela não foi divulgada, seja porque o campo aparece como ‘não informada’).

– Dos 889 homicídios com a raça informada, 650 (cerca de 75%) foram cometidos contra mulheres negras.

-O percentual das mulheres negras vítimas de estupro é de 52%.

Além do recorte racial, o instituto aponta que as mulheres, de forma geral, são as mais vítimas de violência no País. Elas são 3,5 vezes mais vítimas de violência do que os homens. 

Fonte: Carta Capital

Daniele Kopp

Daniele Kopp é formada em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) e Pós-graduada em Direito e Processo Penal pela mesma Universidade. Seu interesse e gosto pelo Direito Criminal vem desde o ingresso no curso de Direito. Por essa razão se especializou na área, através da Pós-Graduação e pesquisas na área das condenações pela Corte Interamericana de Direitos Humanos ao Sistema Carcerário Brasileiro, frente aos Direitos Humanos dos condenados. Atua como servidora na Defensoria Pública do RS.

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