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No futuro, nossas memórias estarão seguras contra ataques?

No futuro, nossas memórias estarão seguras contra ataques?

A Inteligência Artificial está incrustada na contemporaneidade e constantemente a sociedade é reformulada pelas inovações tecnológicas. Inclusive, essas mudanças estão chegando aos meios biológicos, inaugurando uma transformação no próprio ser humano.

Nesta relação, há o presente projeto do empresário Elon Musk, visando a conectar o cérebro humano ao computador. Em outras palavras, o projeto consiste em transmitir todo o complexo do cérebro humano para um sistema de dados no computador. Dessa forma, o cérebro estaria desvinculado do próprio corpo, abrindo um caminho para uma vida digital eterna.

O projeto de tornar o cérebro humano imortal pode ser algo tentador, mas carrega consequências que podem ser irreversíveis. Inicialmente, é importante entender que as tecnologias possuem benefícios incomparáveis, mas apresentam aspectos delicados e que muitas vezes não podem ser evitados.

Em um tom mais lúdico: se a mentalidade humana estiver vinculada ao sistema de dados de um computador, todas as informações contidas no cérebro poderiam ser acessadas por quem tiver contato com a máquina.

Portanto, presumindo que o portador do cérebro venha a falecer, e não deixe algo em expresso, seria extremamente delicado estabelecer quem teria a permissão para acessar o sistema de dados.

Nessa relação, a Constituição Federal estabelece em seu artigo 5º, inciso X, que:

são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas.

Desse modo, seria uma violação constitucional permitir que terceiros não autorizados tivessem acesso à vida digital do indivíduo. Isso porque suas características pessoais estariam disponíveis para alguém que não possui a competência para acesso. De forma ainda mais grave, essas informações poderiam ser copiadas e transmitidas em uma rede de contatos, atribuindo publicidade à vida privada do indivíduo.

O futuro das nossas memórias

Seguidamente, a transferência da mente humana para o computador pode carregar uma insegurança virtuosa, ao entendimento que as tecnologias podem ser invadidas. Portanto, especialistas poderiam hackear o sistema de dados com as informações do cérebro humano, desconstruindo características das memórias pessoais.

Em outras palavras: o computador poderia ser invadido e sofrer transformações nos dados contidos, reformulando as características transferidas do cérebro humano. Essa transformação implicaria na desconstrução da personalidade do indivíduo, porque os seus dados pessoais seriam reformulados e atribuídos com os interesses dos hackers.

Dessa forma, vincular o cérebro humano a uma máquina pode parecer algo fora da realidade, mas, com os avanços das pesquisas, pode ser algo presente em poucas décadas, e reflexões serão necessárias para garantir a proteção desta vinculação. Portanto, você estará disposto a abrir mão da sua personalidade em prol da tecnologia?

No futuro, será que nossas memórias estarão seguras contra ataques?

Gabriel Carvalho dos Santos

Acadêmico de Direito e pesquisador, com com ênfase no Direito Penal.

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