O início da Advocacia Criminal: entrevista com Guilherme Kuhn
O início da Advocacia Criminal: entrevista com Guilherme Kuhn
Em mais uma entrevista do Canal Ciências Criminais, recebemos hoje o advogado criminalista Guilherme Kuhn. Na entrevista, Guilherme fala a respeito de sua participação no LOCUS, o curso de preparação permanente para a Advocacia Criminal promovido pelo Canal Ciências Criminais e pelo International Center for Criminal Studies (ICCS). O tema? O início da Advocacia Criminal.
1. Guilherme, os leitores do Canal Ciências Criminais recorrentemente solicitam artigos com dicas para iniciar na Advocacia Criminal. Em sua participação no curso LOCUS, você forneceu uma recomendações sobre o começo da atividade profissional. Em sua opinião, qual são os maiores desafios do início da profissão?
Advocacia Criminal é sinônimo de sacerdócio, seja no início ou não da carreira, o Criminalista enfrentará uma série de dificuldades, como a disparidade de armas no processo, violações de prerrogativas – seja em âmbito judicial ou extrajudicial -, preconceitos e desrespeitos com o mister do Advogado, que, não raras vezes, é demonizado por ousar defender um ser humano.
Não obstante, no que tange ao início da carreira, os maiores desafios são: a captação de clientes, a construção da imagem de Advogado Criminal, o estabelecimento do Escritório e a sedimentação do nome – que é tudo na Advocacia – do Advogado iniciante.
2. Em sua visão, o que é ser advogado criminalista?
Ser Advogado Criminalista, parafraseando Carnelutti, é ser Cirineu: é carregar a cruz pelo outro (seu cliente). Essa é a nobreza da profissão. Ser Criminalista é dar voz a quem tem não voz, garantir a vez de quem não tem vez; é lutar, contra tudo e todos, pelos direitos de seu constituinte; é sentar-se no último degrau da escada (Carnelutti) e estender a mão ao acusado oprimido, num ato que simboliza, ao mesmo tempo, esperança e a oferta de uma amizade.
Ser Criminalista é ser teimoso, persistente, teimosamente persistente e persistentemente chato, recusando-se a desistir do ser humano, por pior que possa ser a acusação formulada pelo Estado, não se acovardando ao poder das autoridades.
Ser Criminalista é respeitar a intimidade e personalidade alheias, é não julgar o modo de ser e de viver de cada indivíduo. É sentir como próprio o alheio agravo (Castelo Branco) e, assim, proteger o réu com o seu próprio peito.
Ser Criminalista significa ser dotado de empatia, humildade e sensibilidade.
O Advogado Criminalista, historicamente, foi o primeiro Defensor da sociedade, defendendo os indivíduos contra o abuso estatal. Contra a tirania, exercida por seus órgãos oficiais de acusação e carrascos.
Ser Criminalista é ser guardião das liberdades.
A Advocacia Criminal é para poucos.
3. Como você enfrenta os comentários negativos de colegas, amigos e parentes sobre a sua atividade?
Historicamente sempre existiu preconceitos com relação à profissão do Advogado Criminal. Com o tempo, vamos entendendo as razões pelas quais as pessoas pensam dessa maneira, não compreendendo a nobreza do mister do Criminalista.
A mídia tem grande influência na demonização da Advocacia. O grande Elias Mattar Assad, com sua maestria peculiar, adverte que “precisamos reverter a tendência dos juízes e tribunais; esta tendência de pilatos, onde, se o povo aplaudo, tudo pode.
Joaquim Falcão, em artigo publicado no jornal O Globo, em 1993, observava que “imprensa não é justiça, jornal não é foro, repórter não é juiz e editor não é desembargador.”
Penso que a melhor maneira de enfrentar esse comentários negativos é, primeiramente, não se ofendendo e compreendendo o pensamento destas pessoas; e, em segundo lugar, demonstrando que o Advogado Criminalista é imprescindível à administração justiça e que, sem Advogado, não há justiça.
Parafraseando Ruy Barbosa, o Advogado foi o primeiro homem que, com o uso da palavra e da razão, defendeu seus semelhantes.
4. Em sua opinião, por que as pessoas não entendem a atividade da Advocacia Criminal?
Normalmente, essas pessoas não conhecem a prática dos foros e tribunais. Assim, desconhecem completamente as injustiças, os sofrimentos, as dores inerentes ao processo penal. Não raro, fazem injustificável confusão: confundem a figura do Advogado, que exerce o direito de defesa, com a figura do próprio criminoso (que ainda não fora julgado e que pode ser inocente – aliás, deveria ser presumido inocente até que fosse condenado definitivamente).
Esses sujeitos não compreendem que o Advogado não defende bandidos. O Criminalista defende pessoas, PESSOAS, algumas inocentes, outras culpadas, outras nem tão culpadas assim, algumas arrependidas, outras não. Mas, o Advogado defende, unicamente, pessoas.
5. Quais recomendações você poderia dar aos jovens advogados que estão iniciando suas carreiras?
A primeira dica é não dar ouvido as negatividades daqueles sujeitos que não chegaram aonde você deseja chegar. O Advogado, principalmente o iniciante, precisa ser teimoso, persistente, ousado, porquanto enfrentará muitas dificuldades, mas, se não desistir, certamente encontrará o seu espaço na advocacia.
Advocacia é resistência. É preciso que os jovens profissionais se assumam como Advogados, apresentem-se de tal maneira, vistam-se de tal maneira (infelizmente vivemos num mundo de aparências) e façam planejamentos e projetos para a atuação e obtenção de clientes, por exemplo, colocando-se à disposição dos juízos para atuação de forma dativa.
A dica é não desistir, atuar de forma sempre combativa e, principalmente, ética e respeitosa, buscando, sempre, a sua especialização, o seu aprimoramento.
Quer saber mais sobre o início da Advocacia Criminal?
Acesse LOCUS, o curso permanente de preparação para a Advocacia Criminal, e assista a uma série de vídeos sobre o início da Advocacia Criminal, com o advogado criminalista Guilherme Kuhn.
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