O medo de falar em público e as consequências práticas na advocacia!
Por Jean de Menezes Severo
Fala moçada! Mais uma coluna chegando com pequenas dicas que podem ser úteis ao acadêmico de Direito que está prestes a se formar, bem como o jovem advogado que inicia sua militância junto à advocacia criminal, especialidade esta do Direito que, no meu modesto entender, exige um preparo especial para o bom exercício da defesa em processos criminais. Advogado criminalista que não se expressa com clareza e segurança vai encontrar dificuldades em sua caminhada profissional. Falar bem e falar em público são instrumentos necessários para o advogado criminal. Pois bem, vamos lá. Coluna no ar. Sugestão feita pelo amigo leitor Rhuan Roseau. Valeu a ideia parceiro!
Frequentemente me deparo, principalmente em audiências e no plenário do júri, com colegas que ainda não estão preparados para realizar procedimentos jurídicos que envolvam oratória. É constrangedor ver um advogado formado não conseguir sequer formular uma frase contendo sujeito + verbo + predicado. Tenho certeza que o colega sabe da necessidade de construir uma frase utilizando esses elementos, no entanto, o nervosismo relativo ao ato de perguntar faz com que o profissional atropele a gramática e transforme sua pergunta em algo que não se posso entender.
Nós advogados criminalistas sofremos um déficit muito grande quando realizamos o proselitismo, qual seja: A melhor aplicação da automatização da linguagem, ou seja, precisamos pensar no que dizer e como vamos dizer; é evidente que o profissional sofre um arrebate de produção no momento de fazer uma defesa oral ou simplesmente uma pergunta que seja importante no sentindo de obter do julgador atenção para com as teses defensivas invocadas e, quiçá, absolver nosso cliente.
Então, a coluna de hoje tem por objetivo solucionar esses anseios e medos, fornecendo caminhos para que o jovem profissional não sofra embaraços quando estiver atuando na bancada da defesa. Tranquilamente posso aconselhar o estudante que ainda cursa a graduação a participar mais das aulas, tirando todas suas dúvidas em sala, pois é uma forma deste acadêmico, futuro advogado, perder sua inibição; aconselho também a participar de apresentações de trabalhos expositivos para a turma. O bom de fazer tudo isso ainda na faculdade é que podemos errar sem medo, inclusive, estamos ali para isso. O problema é errar depois de formado e dependendo do erro terminamos com a vida do nosso cliente ou até mesmo com a nossa mesmo.
Para muitas pessoas, falar em público é um tormento. A boca seca, as mãos tremem, o suor toma conta do nosso corpo e as palavras parecem que não vão sair com naturalidade. Certa feita, li em uma revista que falar em público é um dos grandes temores do ser humano, muitas vezes equiparando-se ao medo de morrer. Mas como é possível um criminalista ter esta dificuldade? Infelizmente muitos têm e, antes mesmo de fazer aquela audiência, júri, ou sustentação oral, sua vida se torna um inferno. Ele sofre antes do tempo, inclusive, pensando no momento em que terá que abrir a boca e colocar para fora seus argumentos da maneira mais convincente e profissional possível.
Gente, se você que enfrenta esses problemas, existe a solução. Sim, vamos anotar algumas dicas deste velho rábula diplomado:
1) Conhecer o processo: sim parece chover no molhado, mas, meu amigo se você conhece os autos mais do que os outros, isso lhe dá uma segurança gigantesca ao formular uma pergunta, ou realizar um júri por exemplo. Confiança é a chave para se falar bem em público e conhecer o processo de capa a capa vai facilitar em muito a vida deste jovem tribuno.
2) Ensaiar: Uma técnica que eu gosto muito e acho importante para aquele que não está ainda muito seguro para falar em público é ensaiar de maneira exaustiva e sozinho no escritório, na tranquilidade do lar ou onde preferir. É importante que ouçamos a nós próprios para que nos tornemos bons oradores. Temos que escutar bem a nossa própria voz, repetir ensaiar; tudo isso vai nos fazer seguros na hora de perguntar ou fazer uma sustentação oral. Não haverá surpresas porque você se preparou para aquele momento e na hora que tiver que fazer a defesa oral tenha certeza que tudo irá dar certo, afinal de contas você se preparou para aquele ato e é isso que realmente importa.
3) Foco no conteúdo da fala: Não dar muita importância para o que os outros vão pensar de ti quando estiver expondo suas ideias. Sem dúvida os demais presentes que estão no recinto vão formar uma opinião ao seu respeito e isso, não raras vezes, pode nos fazer “travar”. Vai lá e faz o teu trabalho do teu jeito, da tua maneira. Não se intimide, fale alto, forte, demonstre que você conhece o processo e termine com elegância sua sustentação oral. O importante é ter firmeza naquilo que nos propusermos a fazer saia do plenário ou da sala de audiência com a certeza do dever cumprido e principalmente sabendo que foste ao teu limite, o reto é só o resto!
Gosto de dividir e compartilhar estas ideias com meus amigos leitores. Todas elas já coloquei em prática e dão muito certo sim. Não me considero um grande orador, mas, ao menos, consigo controlar minhas emoções e fazer um trabalho digno quando atuo como advogado.
A experiência do dia a dia também vai te moldando, adaptando a tua prática com tuas características pessoais e te deixando cada vez mais pronto para estes atos profissionais, daí minha insistência em orientar os mais jovens a trabalharem muito de maneira gratuita para adquirir experiência e, principalmente, segurança quando forem utilizar as palavras como forma de defesa.
Contem comigo. Lembrando de outras dicas, coloco no papel e transformo em coluna, sempre com o objetivo de ajudá-los. Beijo no coração e até semana que vem. Sem selvageria no feriado, fiquem bem e sem excessos. FUI!