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O milagre dos Andes: 72 dias de horror

O milagre dos Andes: 72 dias de horror

Eu decidi que morreria, mas que morreria tentando (sobreviver) – Nando Parrado, sobrevivente

INTRODUÇÃO

O avião em que estávamos caiu nas montanhas. Eu sou uruguaio, nós andamos por dez dias. Tem um amigo meu aqui que está muito machucado e no avião ainda tem quatorze pessoas machucadas. Nós temos que sair daqui logo, mas não sabemos como. Não temos comida, estamos fracos. Quando virão nos buscar?! Por favor, nós mal podemos andar. Onde nós estamos?! – Carta escrita pelo sobrevivente Nando Parrado

Baseado em fatos reais e, na minha (humilde) opinião, o acidente com o avião da força aérea uruguaia, modelo Fairchild, voo 571, em plena Cordilheira dos Andes, trata-se do maior relato de fé, superação e sobrevivência da história da humanidade. Foram 72 dias de horror em condições (principalmente climáticas) sub-humanas. Impossível descrever ambiente tão hostil.

Os passageiros do fatídico voo?! Um time de rugby uruguaio, Old Christians Club.

Quando aconteceu?! “Sexta-feira 13” de outubro de 1972.

Local da queda?! Cordilheira dos Andes.

“Acusação” que os 16 (dezesseis) sobreviventes sofreram?! “CANIBALISMO”

***Leitura obrigatória! Livros: 

  1. “Sobreviventes – A Tragédia dos Andes” (Piers Paul Read)
  2. “Milagre nos Andes” (Nando Parrado)

Os 72 dias nas Cordilheiras dos Andes

Após a decolagem no dia 12/10/1972, o piloto da aeronave decidiu fazer escala em Mendoza (Argentina) por conta do mal tempo na cordilheira dos Andes. 

Na manhã seguinte, “Sexta-feira 13” de outubro, o time de rugby uruguaio retomou a viagem com o destino a Santiago (Chile). Infelizmente a aeronave nunca chegou ao destino.

Por óbvio que a intenção não é ressaltar o erro grave do piloto, que, diga-se de passagem, era experiente, mas calculou de maneira equivocada a rota e, consequentemente, provocou o choque do avião com as montanhas dos Andes. 

“Passamos Curicó! Passamos Curicó”!

Com o choque, a aeronave partiu em duas partes. A parte da frente da fuselagem do avião deslizou pelas montanhas cobertas de neve. Doze pessoas morreram diretamente com a queda do avião e 33 sobreviveram. A altitude do avião e dos sobreviventes era aproximadamente 3.500 metros, no meio da neve. Eles não tinham a menor ideia de onde estavam.

O co-piloto gravemente ferido, preso aos destroços e em estado de choque, além de pedir que lhe dessem um revólver para tentar contra a própria vida, gritava:

“passamos Curicó! Passamos Curicó”! (Curicó/Chile).

A única “referência” que os sobreviventes tinham era essa! Ocorre que a aeronave não atravessou Curicó (Chile). O local do acidente foi na Argentina, em conjunto de montanhas extremamente remotas. Os sobreviventes encontravam-se em um vale de neve, sem a menor perspectiva de viver.

A temperatura no decorrer da primeira noite chegou a -34° (trinta e quatro graus negativos)! O pior ainda estava por vir…

Apenas nos primeiros dez dias os sobreviventes se “alimentaram” com comida. Depois, apenas carne humana, isso mesmo, carne humana dos amigos que morreram no acidente. Por mais de 12 meses, nenhum dos sobreviventes ingeriu alimento substancial. Apenas carne humana… (Não foi assada, tampouco cozida. Eles estavam no meio dos Andes!).

Dois sobreviventes (Nando Parrado e Roberto Canessa) decidiram procurar ajuda e caminharam por dez dias. Percorreram mais de 60 quilômetros nos Andes, sem treinamento, fracos, mal alimentados e conseguiram chegar em “Los Maitenes” no Chile.

O que mais me deixa abismado é a distância que eles percorreram!

Por duas vezes, corri e completei uma maratona (42,195km). Treinei praticamente uns seis meses para a corrida, alimentação regrada, descansei na minha cama, noites tranquilas de sono e, ainda assim, o ápice de desgaste físico e mental que tive na vida, foi no km 38 da maratona. Imagine os dois!

Acredite se quiser, mas sabe qual foi um dos primeiros questionamentos feitos por um repórter aos sobreviventes foi:

Como vocês sobreviveram?! 

Canibalismo ou Antropofagia?! Para sobreviver, a única saída era ingerir carne humana.

O que mais me encanta é o espírito de equipe, solidariedade, amizade e persistência dos que resistiram.


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