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O que se sabe até agora sobre crime de feminicídio de brasileira na França

Na quarta-feira (13), o Tribunal de Créteil, na região metropolitana de Paris, realizou o depoimento de José Rodrigo Martin, um brasileiro de 30 anos acusado pela morte de sua companheira, Franciele Alves da Silva, aos 29 anos, em 25 de setembro de 2020, em Champigny-sur-Marne, a 15 quilômetros da capital francesa.

Durante o segundo dia do julgamento, duas colegas de Franciele deram depoimento perante o júri, juízes e outras pessoas presentes no tribunal. O casal havia residido na França por cerca de dois anos e feito algumas amizades no país, incluindo a mãe de Rodrigo.

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Reprodução: RFI

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Julgamento

Ambas as colegas da vítima afirmaram não ter presenciado “nada de estranho” no relacionamento e nunca testemunharam violência entre o casal, pelo menos até os dias que antecederam o crime. No entanto, uma delas relatou que Franciele mencionou se sentir “controlada e perseguida” pelo marido. Essa colega sugeriu que a vítima conversasse sobre o assunto com a família e os alertasse.

Outra colega de Franciele, chamada Jaqueline, relatou sobre a vida sexual do casal e um pedido de troca de casais feito por Franciele e Rodrigo, mas que foi recusado por ela. Jaqueline descreveu um momento em que Franciele apareceu com um machucado no braço após uma discussão com Rodrigo, pouco tempo antes do crime.

Uma pesquisa realizada por uma especialista forense, com auxílio da associação Mulheres na Resistência, apontou indícios de abuso psicológico no caso, baseando-se nos depoimentos das colegas de Franciele.

Feminicídio

A tia de Franciele, Rosane dos Santos, compartilhou à RFI que a sobrinha havia expressado a intenção de se separar de Rodrigo em videochamada com o pai, no dia 25 de setembro de 2020, mesmo dia do crime. Segundo a tia, o pai acredita que, após Franciele revelar ao companheiro seu desejo de voltar ao Brasil, houve uma discussão entre o casal, culminando no esfaqueamento da vítima.

Diferentemente das informações iniciais, a perícia revelou que Rodrigo atingiu Franciele 15 vezes com uma faca, desferindo cinco cortes, não sendo apenas cinco facadas como inicialmente divulgado. Oito golpes foram direcionados para a mesma área no tórax de Franciele, perto do coração.

O réu foi questionado várias vezes sobre a motivação da discussão pelos juízes, promotores e advogados. No entanto, Rodrigo respondeu de maneira vaga alegando “não se lembrar”, limitando-se a frases como: “Estou arrependido” e “Não tive a intenção de matá-la”.

Na leitura do testemunho, o filho mais velho de Franciele, Noah, na época do crime com 5 anos, afirmou, com o auxílio de psicólogos, que não tinha certeza se viu o assassinato da mãe, mas disse frases como: “Papai matou a mamãe”. Franciele deixou dois filhos, Noah, hoje com 8 anos, e Liam, com 5 anos.

Testemunhas do segundo andar do prédio onde a família morava relataram ter visto os meninos descerem as escadas com Rodrigo no dia do crime. Ambos estavam chorando e com vestígios de sangue. Eles foram os responsáveis por chamar a polícia.

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