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Conheça 3 objetos que são usados dentro da prisão

Conheça 3 objetos que são usados dentro da prisão

Dando continuidade aos estudos de Criminologia Penitenciária (leia o texto anterior aqui), tratarei de mais alguns objetos encontrados e criados no cárcere. Vamos entrar no mundo da Prisonização (sic):

Dentro de algum tempo, compreende que ou se adapta à sociedade na qual foi lançado, assumindo um dos papéis sociais disponíveis, ou sofrerá padecimentos insuportáveis. Prisonizar-se será, normalmente, a solução. Prisonização corresponde à assimilação dos padrões vigorantes na penitenciária, estabelecidos, precipuamente, pelos internos mais endurecidos, mais persistentes e menos propensos a melhoras. Adaptar-se à cadeia, destarte, significa, em regra, adquirir as qualificações e atitudes do criminoso habitual. (THOMPSON, 2002, p. 95-96)

E segue a doutrina:

É um mundo de indivíduos cujas relações, diariamente, são impessoalizadas. É um mundo do “eu” e do “meu”, ao invés do “nosso” e do “deles”. São pessoas frustradas, infelizes, ansiosas, resignadas, amargas, odiosas e vingativas. Os presos são imprudentes, ineficientes e socialmente ignorantes. A prisão é um mundo frio. Há sujeira, fumaça, sombras; há monotonia e estupor. Há desinteresse pelo trabalho. Há desejo por amor e fome de sexo. À exceção de alguns, há perplexidade. (CLEMMER, 1958: p 298).

1. MÁQUINA DE FURAR CONCRETO

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Verificamos pela imagem que há necessidade de revezamento de pessoas para perfurar qualquer local. A união é uma das características encontradas no cárcere, ainda mais em se tratando da tão sonhada liberdade. Muitos não vão (fogem), mas participam escondendo “porquinhos” (imagem a seguir).

Recordo-me de um túnel tão grande que, segundo foi observado, poderia passar um fusca por dentro dele. O túnel era todo feito com estruturas de madeiras desviadas de um setor da cadeia (um dia conto essa história). Recordo-me bem de um outro túnel que não tinha dado certo e tiverem de iniciar um novo de uma outra cela.

2. “PORQUINHOS”

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São sacos de terra utilizados para armazenar a terra retirada dos tatus (túneis). Muitos presos dormem no “na praia” (no chão) dando sua “pedra, burra, jéga” (cama) para colocarem os porquinhos à noite.

3. FACAS

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Estiletes, bicudas, espadas, ninjas… todas são denominações encontradas no cárcere para as facas. São feitas de barras de ferro dos vitrais da janela, dos corrimões, dos batentes das portas, dos vergalhões das camas, algumas são “desviadas” da cozinha e etc.

Sempre ouvi dos homicidas que eles preferem as “bicudas pequenas” porque são mais rápidas e fáceis de manusear durante a “trocação de facas”, além de ser mais fáceis de ser esconder e transportar para outros locais da cadeia.


REFERÊNCIAS

CLEMMER, Donald. Prison Community. 2. ed. Nova Iorque: Holt, Rinehart And Winston, 1958.

THOMPSON, Augusto. A questão penitenciária. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002.

Diorgeres de Assis Victorio

Agente Penitenciário. Aluno do Curso Intensivo válido para o Doutorado em Direito Penal da Universidade de Buenos Aires. Penitenciarista. Pesquisador

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