Assassinos infames: uma série documental em livro revela crimes impactantes de portugal

Depois de impactar o público televisivo com a série documental “Depois do Crime” que estreou na RTP1 em setembro de 2020, a jornalista Rita Marrafa de Carvalho expande sua investigação sobre casos criminais emblemáticos de Portugal para as páginas de um livro. Desta vez, oito crimes são dissecados pela autora, que explora os detalhes, perspectivas e implicações destes casos que abalaram o país.

O livro “Depois do Crime“, lançado a 6 de outubro de 2023, pela Casa das Letras, acumula 208 páginas de análise profunda destes crimes, além de apresentar um relato pessoal e mais íntimo da experiência de Marrafa de Carvalho ao lidar com os casos. Nesta obra, o leitor tem a oportunidade de conhecer a perspectiva da jornalista, sua jornada ao conduzir as investigações, além de conhecer os bastidores da produção da série documental.

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Quais assassinos aparecem no livro?

O Monstro de Fortaleza

Luís Militão, um emigrante português no Brasil, ganhou infâmia como o “Monstro de Fortaleza” após o homicídio de seis empresários portugueses em 2001. Os motivos por trás dos assassinatos eram financeiros. Militão foi condenado a uma pena de 150 anos pela justiça brasileira, um caso que destaca as diferenças entre os sistemas judiciários do Brasil e de Portugal.

O Crime do Padre Frederico

A primeira a ser discutida na televisão foi a reportagem do padre Frederico, que aconteceu em 1992. Um padre brasileiro radicado na ilha da Madeira foi acusado da morte e abuso sexual de um adolescente de 15 anos. Luís Correia foi encontrado no fundo do barranco sem camisa, descalço e com sinais de uma forte pancada na cabeça.

O padre e o suposto amante de 19 anos foram condenados. Frederico Cunha foi condenado a 13 anos de prisão. Ele era elegível para licença indefinida depois de servir seis. Mas aproveitou para fugir para o Brasil. A culpa do padre no assassinato sempre foi uma questão que permaneceu. E Rita Marrafa de Carvalho menciona no livro uma conversa com o padre Frederik que poderia ser instrutiva.

Maria das Dores

Maria das Dores, descrita como socialite, é a mulher que mandou matar o marido Paulo Pereira da Cruz e foi condenada a 23 anos de prisão. Abusos verbais, ciúmes e um ambiente cada vez mais tenso na relação foram os motivos que a levaram à decisão que resultou na morte do marido. Rita Marrafa de Carvalho conta ao NiT que esse era um dos casos que ela queria apresentar na versão para TV de “Depois do Crime”, mas não havia material suficiente para o episódio de quase uma hora.

“Havia duas grandes impossibilidades aqui – e até consegui entrevistar duas pessoas para este episódio. Uma delas foi que Maria das Dores concedeu uma longa entrevista pouco antes de eu propor a entrevista – esta entrevista acabou por levar à disponibilização de uma prisão que já não é insegura num futuro próximo, e como tal já não sairá da prisão. Logo eu nem daria mais entrevistas porque seria punido de alguma forma por isso. E depois a dificuldade que eu tinha de fazer muita gente falar. E alguns até mostraram muita resistência na prática. Disponibilidade em conversa, aí íamos marcar dia e horário e retiraram.’

O Mata-Sete

“Depois do Crime” conta também a história da Mata-Sete, que decorreu em 1987. Vítor Jorge, um banqueiro da Marinha Grande, tornou-se famoso após assassinar sete pessoas (cinco raparigas e a sua mulher e filha) na Praia do Osso. da Baleia, no concelho de Pombal. “Depois do Crime” conta também a história da Mata-Sete, que decorreu em 1987. Vítor Jorge, bancário da Marinha Grande, tornou-se famoso depois de assassinar sete pessoas (cinco raparigas e a própria mulher e filha) na Praia para Osso da Baleia, na vila de Pombal.

Cabo Costa

O ex-membro da GNR António Luís Costa era um assassino em série condenado em 2007 pelo homicídio de três jovens em Santa Comba Dão. Ele foi cabo do Exército por 25 anos até se aposentar em 2004. No ano seguinte, começaram os crimes. Os corpos de suas vítimas foram deixados em barragens e no mar. Segundo a promotoria, o cabo Costa foi movido por um impulso sexual e tentou se fingir de louco para evitar as consequências – e chegou a acusar o tio de uma das vítimas de ser o verdadeiro culpado. Ele recebeu uma sentença máxima de 25 anos de prisão.

O Monstro de Beja

Foi assim que ficou famoso Francisco Esperança, um bancário reformado de 59 anos que foi detido em 2012 pela polícia embriagado e de cuecas quando lhe bateram à porta. Francisco Esperança matou a facada a mulher, a filha, a neta de quatro anos e os animais de estimação. Os corpos foram deixados em sua casa e ele morou com eles por uma semana e seguiu sua vida como se nada tivesse acontecido. O homem teria dito que queria salvar a família de problemas de dívidas – e havia dúvidas na família sobre relacionamentos incestuosos. Francisco Esperança acabou na prisão por suicídio.

Tó Jó

António Jorge Santos, cujo nome era Tó Jó, ficou famoso como um metaleiro que matou os pais em 1999. O crime aconteceu em Ílhavo, e o pai, Jorge Machado, era um médico respeitado. Ele e sua esposa foram brutalmente assassinados com várias facadas. Na época, especulava-se que os assassinatos poderiam estar ligados a rituais satânicos – aumentando o interesse da mídia no sinistro caso.

Manuel Palito

Manuel Baltazar, conhecido como “Palito”, é um criminoso português que em 2014 assassinou dois homens e feriu gravemente uma mulher em Valongo, Portugal. Foi capturado após estar em fuga por mais de um mês.

O que esperar do livro “Depois do Crime”?

O livro representa uma oportunidade de olhar com novas perspectivas para esses crimes que, em algum momento, chocaram a sociedade portuguesa. Rita Marrafa de Carvalho traz sua experiência e visão jornalística para desvendar nuances que a cobertura mediática em tempo real muitas vezes deixa passar. A autora revela, por exemplo, suas impressões ao ver fotos de autópsias, ouvir interceptações telefônicas, entender os procedimentos por trás de cada processo e a maneira como se deu o acesso aos envolvidos.

Pensado como complemento à série documental, o livro oferece uma experiência aprofundada e enriquecida, explorando os “bastidores” dos casos e da própria produção televisiva. Além disso, provoca reflexões importantes sobre a natureza humana, a dinâmica do crime e a resposta da justiça.

É uma leitura recomendada para os fãs da série documental e para qualquer um que tenha interesse em crime verdadeiro e em compreender mais sobre o complexo sistema de justiça em Portugal.