Ontem foram eles, hoje ou amanhã pode ser eu ou você!
Ontem foram eles, hoje ou amanhã pode ser eu ou você!
Vem sendo veiculado na mídia e nas redes sociais um vídeo em que supostamente dois homens são executados de maneira covarde por dois policiais militares no Estado do Rio de Janeiro.
As vítimas já estavam rendidas, deitadas ao solo, sem oferecer naquele momento nenhuma resistência e muito menos oferecer nenhum perigo e mesmo assim vieram a ser mortas pelos policiais.
Fico a me perguntar, o que leva um homem, que atua como braço do Estado, ao qual incumbe o dever de proteção da sociedade dentro limites impostos em lei, tendo total consciência quanto a ilegalidade e a reprovabilidade de sua conduta, vir a tirar de maneira covarde a vida de dois seres humanos.
Não estou aqui a criticar a Polícia Militar, instituição séria, secular e tão importante para a segurança de todos nós e para o convívio harmônico em sociedade, em sua grande maioria composta por homens e mulheres íntegros, comprometidos com a sua missão, que todos os dias saem de suas casas para proteger seus pares, muitas vezes não reconhecidos e não recompensados de forma justa pelos serviços que prestam.
Deixo aqui minha indignação com aqueles que usam a farda da instituição que fazem parte, para se sentirem superiores ao cidadão comum, deixo minha indignação para aqueles que rotineiramente vivem a cometer arbitrariedades e ilegalidades, como por exemplo daqueles que foram presos por andarem com “kits flagrante”, fazendo isso sob o pretexto de uma “causa justa”, quais sejam, “acabar com o crime” ou “diminuir a impunidade”. Quanta ingenuidade.
Ao supostamente executar de forma covarde aqueles homens, os policiais podem ter se tornado tão – ou até mais – criminosos que às vítimas, afinal, a grosso modo não se vislumbram pelas imagens, nenhuma causa exculpante ou justificante das condutas dos policiais, presume-se sim, de maneira clara, uma verdadeira execução. Uma execução fria, impiedosa e sem oferecer nenhuma chance de defesa às vítimas.
O pior é ver certa parte da sociedade, mais precisamente os auto-intitulados “cidadãos de bem”, apoiarem e até aplaudirem a infeliz atitude dos policiais, sob os argumentos de que “bandido bom é bandido morto”, de que “morreu porque merecia” ou ainda “se todos os policiais fizessem isso a sociedade seria bem melhor”.
Porém, vale lembrar que quando apoiamos atitudes deste tipo, cometidas contra terceiros, não podemos “chorar” quando amanhã elas forem cometidas contra nós.
Pois, não é raro de ver arbitrariedades sendo cometidas “a torto e a direito” pelos mais diversos funcionários do Estado e quando estas são cometidas em face daqueles que se auto-intitulam “cidadãos de bem”, estes ficam revoltados, indignados, “atiram pedras” para todos os lados – governo, judiciário, polícia, etc – pois sentiram na pele o que é ser injustiçado.
Contudo vale lembrar, que foram estes mesmos “cidadãos de bem” que anteriormente haviam aplaudido e apoiado as condutas de tantos outros que agiam desta mesma maneira, violando os direitos alheios. Mas como eram contra “os outros” tudo bem, quando era contra “os outros” está tudo certo. Não é assim?
O que colhemos hoje, é fruto do que plantamos ontem. E com toda certeza, amanhã iremos colher o que estamos a plantar neste momento.
Nestas ocasiões – como a do mencionado vídeo – alguns policiais costumam prender, julgar e executar a pena que acham mais pertinente, isso tudo quase que simultaneamente, de acordo tão somente com as suas próprias convicções e de acordo com as suas próprias leis, sem perguntar nada, sem ponderar nada, sem dar nenhuma chance de defesa.
E não pense você que isso é raro de acontecer, na verdade isso ocorre corriqueiramente, quando não é uma execução é um flagrante “forjado”, uma agressão física, humilhações, violações. Enfim, enquanto atitudes como estas forem aplaudidas e apoiadas pelos “cidadãos de bem”, o contexto no qual vivemos hoje jamais mudará.
Ontem foram eles, hoje ou amanhã pode ser eu ou você!