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Pais tóxicos: como identificar e lidar com a violência psicológica na família

Pais tóxicos: como identificar e lidar com a violência

Diante de um mundo com um maior espaço para a educação positiva nas redes sociais, um tema ganha destaque: relato de filhos que cresceram em lares com pais ‘tóxicos’.

Inclusive, o termo ‘tóxico’ foi eleito a palavra no ano em 2018, pelo dicionário Oxford. A definição mais precisa é relacionada com a violência psicológica presente em diversos relacionamentos, inclusive parental. Por exemplo, gritos, falas depreciativas, xingamentos, manipulação emocional e chantagens são comuns nesse tipo de ambiente, conforme relato da psicóloga Manuela Moura, que é docente no Centro de Estudos da Família da Bahia.

Pais tóxicos
Imagem: Twinsterphoto / Shutterstock

 

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Explicação da psicóloga sobre pais tóxicos

Conforme explicação da psicóloga, antigamente a agressão familiar era vista apenas como física. No entanto, atualmente ficou claro que existem outras formas de violência.

“Durante muito tempo, a agressão familiar era vista apenas sob a ótica física. Mas hoje, reconhecemos que existem outras formas de violência que não deixam marcas visíveis”, explicou Manuela Moura.

As consequências desse ambiente tóxico são devastadoras, de acordo com a psicóloga. Já na fase adulta, a pessoa pode ter baixa autoestima, ser incapaz de acreditar que podem ser amados e outros mais. Além disso, a depressão na infância é apenas um dos sintomas dessa realidade.

“A criança não reconhece a agressão porque ela não é explícita. O problema é que ela internaliza a mensagem e acredita que vale pouco. Essa percepção só muda na adolescência, quando ela começa a enxergar os pais como pessoas com qualidades e defeitos”, pontuou a psicóloga.

Mas como diferenciar um desentendimento comum de um ambiente familiar tóxico?

De acordo com a psicóloga, o medo é o sinal importante para definir essa situação.

“Medo de falar, de dizer o que pensa, de se vestir como quer. Ou quando você se sente pressionado a fazer algo que não quer, em troca do amor dos pais”, explica.

A definição da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a violência intrafamiliar é: “toda ação ou omissão que prejudique o bem-estar, a integridade física, psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de outra pessoa da família”. Por outro lado, a violência psicológica se caracteriza por “rejeição, depreciação, discriminação, desrespeito, cobrança exagerada, punições humilhantes e utilização da pessoa para atender às necessidades psíquicas de outrem”.

E quando chega a hora de se afastar?

Depende de uma avaliação sobre a situação, se é algo constante ou um momento passageiro devido a algum processo, como luto ou separação dos pais. Se for a segunda opção, o certo é esperar a fase difícil passar. No entanto, se for constante e os pais não demonstrarem vontade de mudar, a melhor opção é o afastamento.

“Em alguns momentos, a gente precisa entender que não dá. O amor não é garantido só porque é pai ou mãe. A ruptura com o ambiente familiar tóxico está mais no processo de autoconhecimento do que no afastamento físico”, destacou Moura.

Reconciliação é possível?

Sim, mas é algo que depende de ambas as partes. Na explicação de Moura: “O familiar tóxico precisa estar disposto a se reparar, reconhecer seus erros e mudar seu comportamento. O filho só se reaproximará se notar essa mudança genuína”. explica Moura.

Apesar da dificuldade em lidar com pais tóxicos, o autoconhecimento e apoio profissional podem ajudar as pessoas na superação do seus traumas. Além disso, darão a possibilidade da construção de uma vida mais saudável e feliz.

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