Para Dallagnol, prisão é eficiente para forçar acordos de delação
Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Lava Jato, admitiu que a prisão de investigados seria eficiente para forçar acordos de delação.
Essa conversa foi uma dentre as muitas apreendidas na operação “spoofing”, que visa a investigar o hackeamento de celulares de procuradores.
Em um diálogo protagonizado por Dallagnol aos 04 de agosto de 2017, lhe é atribuída a frase “Nunca uma transferência foi tão eficiente, rsrsrs”, se referindo a “transferência” do ex-presidente da Petrobrás e do Banco do Brasil, Aldemir Bendine.
A fala de Dallagnol se refere ao fato ocorrido em 27 de junho de 2017, dias antes do diálogo divulgado, quando Bendine foi preso preventivamente na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, mas teria sua transferência programada para o Complexo Médico Penal (CMP), local que, conhecidamente, possui condições precárias.
Ainda na conversa divulgada, foi dito que Bendine sinalizou que poderia fechar um acordo de delação premiada no intuito de não ser transferido. Foi nesse contexto que Dallagnol ironiza a “eficiência” da simples ameaça de transferência para “motivar” uma “colaboração”.
De acordo com as mensagens divulgadas:
4 Aug 17
- 14:49:07 Advogados do Bendine estão tentando falar com o Moro e com vocês para dizer que ele quer fazer um acordo de colaboração e não ir para o CMP….
- 15:05:15 Moro pediu para transferir o Bendine só na segunda.
- 17:39:52 Deltan kkkk
- 17:39:59 Deltan Nunca uma transferência foi tão eficiente rsrsrs
- 17:40:06 Deltan Pediram reunião pra segunda pela manhã
- 19:04:29 Boa… rs
Diante de tal situação, advogados envolvidos na ação alertam há tempos quanto a essa prática do Ministério Público na operação, indicando que o modus operandi dos procuradores é esse: forçar uma prisão preventiva como meio de pressionar os acordos de delação premiada.
Vale lembrar que a defesa do ex-presidente Lula aguarda decisão do Supremo Tribunal Federal para ter acesso às mensagens hackeadas da Operação Spoofing.
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