Coisa de cinema ou vida real: para onde estamos indo?
Coisa de cinema ou vida real: para onde estamos indo?
Quase todos que nasceram na década de 80 e 90 conhecem “Os Jetsons”, uma série animada de televisão produzida pela Hanna-Barbera que era exibida no SBT e que tratava de uma família de 2062 que convivia num planeta com grandes avanços tecnológicos, introduzindo no imaginário da maioria das pessoas o que seria o futuro da humanidade: carros voadores, cidades suspensas, trabalho automatizado, toda sorte de aparelhos eletrodomésticos e de entretenimento, robôs como criados, e tudo que dá para se imaginar do futuro.
Em uma época em que sequer havia aparelhos celulares simples nas mãos dos adolescentes, Os Jetsons pareciam, de fato, apenas e tão somente ficção e nada mais.
Porém, agora, em 2017, estaríamos, em tese há 45 anos da época dos Jetsons e nos perguntamos: como estão as tecnologias quando comparadas àquelas trazidas na séria de animação?
Em outras palavras, quais das tecnologias apresentadas em Os Jetsons estão em desenvolvimento na época atual ou mesmo já em utilização pelos seres humanos?
Vejamos. No mês passado (abril/2017), durante a conferência anual de desenvolvedores do Facebook, foi anunciado um programa da empresa que quer construir a sua própria “interface cérebro-computador” que nos permitiria enviar pensamentos direto para uma máquina.
Com isso, poderemos digitar diretamente de nosso cérebro em um sistema de ditado silencioso em tempo real capaz de entregar cem palavras por minuto. Essa é só uma das incríveis – e assustadoras – novidades tecnológicas que estão em desenvolvimento.
No que diz respeito ao trânsito e transportes, temos duas novidades interessantíssimas que nos fazem pensas nos Jetsons: a primeira traz a possibilidade de ser transportado de um lugar para o outro em questão de minutos; este é o projeto de Elon Musk, CEO da Tesla Motors que está desenvolvendo um projeto que, em resumo, consiste em uma rede de túneis que automatizam o transporte, conduzindo o motorista de um local para outro da cidade, em uma plataforma capaz de atingir 200 km/h; a outra novidade neste quesito é a apresentada pela Uber em parceria com a Embraer que estão desenvolvendo os tão sonhados “carros voadores”, chamados de VTOL´s (veículos elétricos de pequeno porte de decolagem e aterrissagem vertical) e que, segundo os desenvolvedores, serão tecnologias relevantes de transporte aéreo para o futuro próximo.
Outra ideia interessantíssima, digna de The Jetsons Film, é a trazida pela DARPA e que trabalha com a ideia de hackear o cérebro humano para que possamos aprender mais rápido, pois, na ideia do desenvolvedor, parte-se da premissa de que, se o cérebro é só um monte de fios e circuitos, parece razoável que esses componentes possam ser rearranjados para criar um ser humano melhor e mais inteligente.
E aqui teríamos componentes que melhorariam o treinamento militar, por exemplo, permitindo a um soldado, digamos, aprender uma nova língua em meses ao invés de anos.
Por fim, mas sem esgotar as novidades, temos, a meu ver a tecnologia que mais nos faz lembrar a séria de animação: os robôs humanóides…afinal, quem nunca quis ter uma empregada como a robô Rose, dos Jetsons?
Em outubro de 2000, a Honda apresentou o emblemático Asimo, um robô bípede que, ao menos naquela época, era a máquina com aspecto humanoide mais avançada do mundo.
Hoje, 17 anos depois, estes robozinhos estão cada vez mais humanos: na última revisão do projeto, apresentada no ano passado, o robô mostrou-se capaz de reconhecer rostos na multidão, caminhar a 9 km/h e realizar movimentos com as mãos que o permitem, por exemplo, abrir garrafas e girar uma chave na porta.
Já o Pepper é um robô humanoide que vem sendo comercializado desde 2014 e o que o torna distinto é a forma como a tecnologia é usada nele: a SoftBank promove o Pepper como um robô capaz de reconhecer emoções e agir de acordo com elas; a partir daí o Pepper pode conversar, dançar, sugerir exercícios de relaxamento, ficar feliz quando elogiado, dar boas-vindas quando você chega em casa, rir com você de uma piada, entre várias outras ações (qualquer semelhança com o filme Eu, robô é pura coincidência!!!).
E a Rose acabou ficando “pra titia”, podendo ser considerada uma “velharia” em termos de tecnologia robótica… Quem diria!
Derradeiramente, encerrando a nossa coluna de hoje, lembramos dos exoesqueletos robóticos; nesse item temos o denominado ReWalker, sistema que é uma prótese robótica computadorizada que detecta mudanças no centro de gravidade do usuário, reage a elas e toma uma série de passos habilmente orquestrados para imitar uma caminhada natural. O equipamento vem sendo testado para tratar de situações envolvendo acidentes que deixaram seres humanos incapacitados para andar.
Todas essas novidades e tecnologias nos fazem pensar no futuro como algo muito próximo e podemos verificar que muitas das tecnologias da ficção estão entre nós, mas tudo isso deve ser visto por ambos os lados, pois, por exemplo, carros voadores demandam uma nova sistemática de trânsito e mesmo novas legislações que regulem isso; robôs que entendem sentimentos podem gerar situações intrincadas com práticas criminosas, tais como induzimento ou instigação ao suicídio; exoesqueletos que eventualmente possam ser controlados à distância podem, se invadidos, realizar atos que os seus detentores não tenham comandado; a “invasão” do nosso cérebro, através de microchips, para nos tornar mais suscetíveis ao aprendizado pode gerar uma espécie de violação da nossa privacidade e da nossa intimidade nunca antes vista ou imaginada…
Em alguns anos nos sentiremos participando não só do Filme The Jetsons, mas também, quem sabe, do clássico Eu, Robô e de algumas cenas da famosa trilogia Terminator, entre outros tantos filmes inesquecíveis que embalaram nossos sonhos de infância e hoje em dia nos tiram o sono!
Ficção e realidade andam cada vez mais próximas… A intersecção entre tecnologia e Direito já não é mais uma possibilidades interessante, mas sim uma necessidade premente!