PCC: conheça a origem e evolução da maior organização criminosa do Brasil
Origem e atuação do PCC: Uma história do crime organizado no Brasil
A história do crime organizado no Brasil é marcada por episódios violentos, politicamente carregados e socialmente devastadores. No centro dessa narrativa, uma organização criminosa se destaca: o Primeiro Comando da Capital, mais conhecido como PCC. O famoso grupo criminoso, que hoje atua tanto dentro quanto fora do sistema prisional, nasceu em meio à violência e corrupção estatal, mais precisamente após o Massacre do Carandiru, em 1992.
Foram 111 vidas ceifadas, um banho de sangue que marcaria para sempre a história do sistema penitenciário paulista e brasileiro, dando origem a uma das maiores facções criminosas do país. Mas como se deu esse processo? Qual é, de fato, a relação entre a fundação do PCC e o infame episódios do Carandiru?
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PCC e o massacre do carandiru: O estopim de uma organização criminosa
O massacre de Carandiru ocorreu em 2 de outubro de 1992, na Casa de Detenção de São Paulo. De acordo com especialistas consultados pela BBC Brasil, o episódio foi crucial para a fundação do PCC, que ocorreu menos de um ano depois, em 31 de agosto de 1993. Segundo o padre Valdir João Silveira, coordenador nacional da Pastoral Carcerária, “O Carandiru não foi a única causa da fundação do PCC, mas colaborou muito para isso”.
Objetivos do PCC: O que move essa organização criminosa?
De início, o PCC tinha como principais objetivos combater os maus tratos dentro do sistema prisional e impedir novos massacres como o de 1992. Josmar Jozino, jornalista e autor de três livros sobre o PCC, afirmou que “O massacre do Carandiru foi a gota d’água para a criação do PCC. O episódio está registrado até no estatuto de fundação da facção”.
Ao longo do tempo, o PCC começou a se expandir para além das prisões, controlando parte do tráfico de drogas em São Paulo, firmando parcerias com facções de outros Estados, alugando armas para ações criminosas e assumindo controle de rotas internacionais de tráfico de drogas no Brasil.
Qual o impacto do PCC no sistema prisional brasileiro?
O nascimento do grupo provocou uma mudança significativa no cenário prisional brasileiro. Com a imposição de regras de conduta aos detentos – como a proibição do uso de crack e de homicídios gerados por dívidas de drogas – o índice de mortalidade nos presídios caiu. A organização criminosa também executou um papel central na construção de uma rede de apoio aos criminosos, como o recrutamento de advogados e auxílio financeiro às famílias dos presos.
De acordo com um levantamento da Pastoral Carcerária, as mortes nas prisões de São Paulo caíram de 522 em 1999 para 377 em 2003. No entanto, a falta de transparência sobre a informação por parte da Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo impossibilita uma compreensão completa do cenário.