ArtigosCriminal Profiling

O perfil na série Anatomia do Crime

O perfil na série Anatomia do Crime

Anatomia do Crime é uma série documental brasileira que estreou em 2017 pelo canal Investigação Discovery e que recentemente ficou disponível na Netflix, canal Prime Box Brasil e também no Looke.

A série já está em sua segunda temporada e cada episódio mostra um crime brutal cometido por criminosos cruéis, fazendo uma análise dos traços de personalidade desses criminosos em sua maioria assassinos, mas também de estupradores.

Durante os episódios vemos alguns profissionais analisando os motivos e as possíveis psicopatologias desses criminosos. Dentre eles estão Guido Palomba, psiquiatra famoso por ter livros sobre Psiquiatria Forense e trazer uma perspectiva psiquiátrica da imputabilidade penal e do comportamento.

Estão também Christian Costa, criminólogo que estuda principalmente a mente dos psicopatas e consegue explicar de forma acessível como a mente dessas pessoas funciona, Carlos Faria, psicólogo que analisa principalmente o lado obscuro desses criminosos e Gisela Ferrari, psicoterapeuta que consegue olhar o comportamento desses criminosos de forma minuciosa e compreende cada passo feito por eles.

Por fim, Dinah Ackerman, psiquiatra, que em determinados episódios explica certos termos psiquiátricos, tanto de doenças mentais como transtornos de personalidade.

Esses cinco especialistas em diferentes episódios trazem análises iniciais sobre o comportamento humano, os possíveis motivos e até análises cognitivas tendo, inclusive, controvérsias entre si que são comuns quando falamos de saúde mental e direito, principalmente quando se trata de psicopatia e menoridade penal.

Entre os episódios estão análises superficiais, mas muito interessantes de casos como o do pedófilo Eugênio Chipkevitch, ex-médico que estuprou diversos garotos em seu consultório, de João Hélio, menino que morreu após ser arrastado por sete quilômetros por cinco assaltantes em um carro e de Mateus da Costa Meira, o atirador do shopping.

No segundo episódio, o caso do atirador do shopping trouxe uma discussão relevante sobre mudança de diagnóstico. Mateus matou três pessoas e deixou alguns feridos após desferir tiros em uma sala de cinema em 1999 e foi considerado imputável em sua primeira condenação.

Contudo, ao cometer uma tentativa de homicídio na prisão, foi diagnosticado com uma doença mental e transferido para um hospital de custódia e tratamento onde continua atualmente.

Os especialistas tiveram opiniões divergentes, mas foi possível perceber uma tentativa de análise do perfil criminal vinda de Carlos Faria que analisou a cena do crime, o histórico de Mateus e os dados colhidos para o julgamento conseguindo assim compreender como essas informações se juntavam em um perfil para não considerá-lo um psicopata.

Na segunda temporada temos mais casos, entre eles o da Cinthya Moutinho, dentista que ao ser assaltada por quatro jovens, é queimada vida, também de Eloá que viveu um dos sequestros mais longos do Brasil e morreu nas mãos de seu ex-namorado, o caso da Estagiária que tentou matar funcionárias de onde ela trabalhava para conseguir um emprego no lugar delas e conseguiu matar uma funcionária que tinha acabado de voltar da licença-maternidade, e de Bragança Paulista, local onde dois homens atearam fogo em um carro com três adultos e uma criança ainda vivos, após assaltarem a loja onde os adultos, duas mulheres e um homem, trabalhavam.

Tanto o caso de Cinthya como o caso de Bragança Paulista existe como personagem o fogo e nos dois casos as pessoas foram queimadas vivas, algo que demonstra um nível altíssimo de crueldade daqueles que cometeram esses crimes.

São episódios relevantes para quem estuda Direito e trabalha na área e tem interesse em entender melhor como funciona uma mente cruel, as diferenças entre os homicidas que atuam em grupo e o despreparo dessas pessoas que agem pensando somente no dinheiro.

É uma série que traz alguns elementos do Criminal Profiling focando nas pessoas envolvidas e em pontos de vista diferentes com um olhar também da área criminal e de como as leis são conduzidas para pessoas com possíveis doenças mentais, transtornos de personalidade e até para menores de idade.

São crimes cruéis e conhecidos que são analisados e explicados para o público leigo e que tem uma visão positiva para quem trabalha na área, principalmente pela exposição desse tipo de trabalho e de ponto de vista, mesmo que superficial, e também para que os profissionais brasileiros façam mais análises póstumas de crimes hediondos que podem auxiliar em possíveis identificações de perfis em crimes futuros.

Sem contar o desenvolvimento do interesse pelo assunto por pessoas de várias áreas do conhecimento ligadas ao crime.


REFERÊNCIAS

Anatomia do Crime na Netflix aqui.

Anatomia do Crime no Facebook aqui.

Verônyca Veras

Especialista em Criminal Profiling. Advogada.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo