O que você precisa saber sobre Philippson, a primeira colônia de judeus do Brasil
148 indivíduos, originários de várias partes do Leste Europeu, formaram a primeira colônia judaica no Brasil
O sentimento de temor e otimismos eram amplamente compartilhados entre os judeus que se reuniram na Bessarábia, uma região que agora faz parte da Romênia, no início de 1903. Esta reunião incluiu 148 indivíduos de 38 famílias diferentes, originários de várias partes do Leste Europeu. Cerca de dois anos depois, eles formaram a primeira colônia judaica no Brasil, conhecida como Philippson.
O medo que eles nutriam estava ligado às políticas antissemitas do império russo, especialmente após a ascensão de Alexandre 3º e a continuação dessas políticas por Nicolau 2º. Nesse período, ataques violentos contra judeus, conhecidos como pogroms, eram frequentes, incentivados pelo imperador russo que pretendia ver toda a região convertida à Igreja Ortodoxa.
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Entretanto, havia a esperança de encontrar um novo lar acolhedor do outro lado do Atlântico. Os judeus não apenas buscavam oportunidades financeiras, como outros imigrantes, mas também ansiavam por estabelecer novas vidas em terras distantes, seja na América do Norte (Canadá e Estados Unidos) ou na América do Sul (Argentina e Brasil). Os 148 imigrantes judeus eram de diversas origens, incluindo russos, lituanos, estonianos, ucranianos, bielorrussos, moldávios e romenos. Eles foram apoiados pela Associação de Colonização Judaica (JCA), uma organização beneficente, que providenciou cerca de um ano e meio de treinamento para que se adaptassem à nova vida, uma vez que a maioria deles tinha experiência em comércio e precisava se tornar agricultor e pecuarista.
Os judeus enfrentaram dificuldades de adaptação ao novo estilo de vida, clima e língua, passando de comerciantes a agricultores
Em 1904, a JCA comprou uma propriedade rural no município de Santa Maria, Rio Grande do Sul, chamada Fazenda do Pinhal, onde os imigrantes estabeleceram a colônia Philippson. A escolha do nome homenageou Franz Philippson, um acionista da JCA e presidente da companhia de estradas de ferro na região. Essa migração não foi sem desafios. Os judeus enfrentaram dificuldades de adaptação ao novo estilo de vida, clima e língua, passando de comerciantes a agricultores. A colônia teve sua própria sinagoga, escola e atividades sociais, mas depois de algumas décadas, a maioria dos habitantes se dispersou para outras cidades, devido à falta de experiência agrícola e às condições.
A experiência dos colonos judeus em Philippson reflete tanto os fatores que os levaram a deixar a Europa Oriental, como a perseguição antissemita e as mudanças econômicas, quanto às oportunidades e desafios que encontraram no Brasil, que buscaram mão de obra após a abolição da escravidão. No entanto, apesar das dificuldades, essa colônia permanece como um marco pioneiro na história da imigração judaica no Brasil.
Fonte: BBC News Brasil