PM responde por 61% das mortes violentas em Santos e Guarujá neste ano; entenda
PM de São Paulo: Responsável por 61% das mortes violentas em Santos e Guarujá
Nos primeiros oito meses de 2023, a Polícia Militar (PM) de São Paulo foi responsável por 61% das mortes violentas nas cidades de Santos e Guarujá, na Baixada Santista. Foram registrados 54 óbitos violentos, sendo 33 causados por policiais militares em serviço durante confrontos com criminosos.
Os dados foram fornecidos pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) e pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). Este aumento expressivo na mortalidade é posterior ao início da Operação Escudo, que foi deflagrada em 28 de julho, após o assassinato do soldado Patrick Reis, da Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota). Esta operação ocorreu na Vila Júlia, Guarujá, onde metade das 36 mortes violentas registradas no ano ocorreram pelas mãos de PMs entre julho e agosto. O reforço policial foi enviado para a operação na cidade devido ao crime.
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Por que a Operação Escudo influenciou no aumento de mortes na Baixada Santista?
O Porto de Santos, utilizado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para enviar toneladas de drogas para a Europa, transformou a Baixada Santista em um reduto de traficantes e resultou em um aumento da criminalidade nos últimos meses. A Operação Escudo durou 40 dias na primeira fase, e resultou em 28 mortes na região. Esta ação está sendo investigada pelo MPSP por denúncias de torturas e assassinatos de inocentes em incursões policiais às comunidades. O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) nega que tenham ocorrido excessos durante a operação.
Alto índice de letalidade policial é resultado de enfraquecimento das medidas de controle?
De acordo com Rafael Rocha, coordenador de projetos do Instituto Sou da Paz, o aumento da letalidade policial é consequência de uma “política de enfraquecimento” das “bem-sucedidas medidas de controle do uso da força adotadas pela PM”, como as câmeras corporais. Segundo ele, a Operação Escudo contribuiu para “agravar” o número de mortes causadas por PMs em serviço, e segue em curso. O caso de Jefferson Ramos Diogo, de 34 anos, é um exemplo notável que levanta questionamentos. Laudos da Polícia Técnico-Científica contestam versões apresentadas por PMs para as mortes ocorridas em supostos confrontos durante a operação. Segundo relatos, Jefferson foi alvejado por oito disparos de fuzil em um dia de julho. Quatro tiros atingiram o homem – no queixo, nas costas, na perna esquerda e no braço direito.
A Secretaria da Segurança Pública de SP defende a atuação da PM
Em resposta às críticas, a SSP enviou uma nota à imprensa defendendo a atuação da Polícia Militar, argumentando que as mortes ocorreram em decorrência da ação de criminosos que optaram pelo confronto. A pasta informou que todos os casos de natureza similar são investigados, encaminhados para o MPSP e julgados pelo Poder Judiciário. Segundo a nota, a Operação Escudo foi deflagrada para combater o tráfico de drogas na Baixada Santista. A Secretaria afirma investir no treinamento das forças de segurança e em políticas públicas com a intenção de reduzir as mortes em confronto.
Fonte: Metrópoles