Policial que matou menino de 7 anos vai a júri popular 10 anos após o caso

Policial militar vai a Júri Popular acusado de matar criança em São Paulo

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) decidiu encaminhar para júri popular o caso envolvendo o policial militar Otávio de Marqui, 32 anos, acusado de assassinar uma criança de 10 anos durante uma abordagem no Morumbi, zona sul da capital paulista, no ano de 2016. A decisão foi tomada pelo juiz Ricardo Augusto Ramos, titular da 1ª Vara do Júri.

O crime ocorreu quando Ítalo Ferreira de Jesus Siqueira, a criança de 10 anos, foi atingida por um disparo na cabeça. A acusação é que, após o homicídio, o PM Marqui, junto a outros policiais, forçava um garoto de 11 anos, amigo da vítima, a confessar em vídeo que os dois estavam armados. O objetivo era justificar a ação policial. A alegação do Ministério Público de São Paulo (MPSP) é que o policial Marqui e sua equipe também teriam forjado um disparo para simular um confronto que não aconteceu.

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Imagem: Galvão e Silva Advocacia

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Qual foi o contexto da abordagem policial?

De acordo com as informações, as duas crianças, que residiam em uma favela próxima ao local, haviam invadido um prédio residencial com o intuito de roubar uma bicicleta. Acorrida a oportunidade, mudaram o alvo e roubaram um automóvel, um Daihatsu Terios. O veículo foi conduzido de maneira irregular por falta de experiência e devido à baixa altura do menino, o que chamou a atenção da polícia militar que patrulhava a região.

Na tentativa de fuga, os meninos acabaram batendo o carro contra um ônibus e o veículo parou. Segundo relato do policial Marqui, ele teria visualizado um “clarão” dentro do veículo, semelhante a um disparo, motivo pelo qual disparou sua arma contra o carro, atingindo mortalmente a criança. Porém, laudo do Instituto de Criminalística afirma não haver qualquer indício de disparo de dentro para fora do carro.

Outros policiais foram denunciados?

Além de Marqui, outros quatro policias militares também foram citados na denúncia de 2018. Um deles, Israel Renan Ribeiro da Silva, foi acusado de homicídio junto a Otávio Marqui. Os três restantes enfrentaram acusações de fraude processual. Contudo, a denúncia foi inicialmente rejeitada pela juíza Débora Faitarone, afastada por acusações de irregularidades administrativas.

O caso foi repassado para o juiz Ricardo Augusto Ramos, após recurso do MPSP, que aceitou a denúncia em 2020, levando agora o caso ao júri popular. Entretanto, a acusação de homicídio contra o PM Israel Silva foi rejeitada por falta de indícios suficientes. A data do julgamento de Marqui ainda será marcada. No momento, o advogado do policial militar não foi localizado para comentar sobre o caso.

Fonte: Metrópoles