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Em áudio, presidente da Funai oferece apoio a servidor preso

O servidor público, Jussielson Silva, preso em maio deste ano após ter arrendado terras indígenas no Mato Grosso, foi apoiado pelo presidente da Funai, Marcelo Augusto Xavier, após ter sido detido pela Polícia Federal, segundo áudio interceptado.

Presidente da Funai troca áudios com servidor preso

Marcelo Augusto Xavier, que é presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) ofereceu apoio ao servidor, dizendo que providenciaria uma solução após Jussielson ter sido preso.

“Eu vou dar ciência já do caso ao corregedor lá de Mato Grosso, ao corregedor nacional da Polícia Federal aqui e já vou acionar nossa corregedoria para atuar nisso aqui. Pode ficar tranquilo”.

Jussielson Gonçalves Silva era coordenador na Funai, e atuava em Ribeirão Cascalheira, a 893 km de Cuiabá, e foi preso na operação “Res Capta” junto com um policial militar e um ex-policial, suspeitos de alugarem áreas na Terra Indígena Marãiwatsédé, do povo Xavante.

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Presidente da Funai. Imagem: Jovem Pan

A Polícia Federal, por meio da operação, interceptou conversas do Presidente e do Coordenador da Funai, após a captura.

“Eu agradeço porque a gente está na ponta da lança. O senhor é o meu apoio de fogo. O senhor me protegendo, fico mais feliz ainda”, disse Jussielson.

Xavier ainda teria dito que daria todo o apoio possível ao servidor.

 “Pode ficar tranquilo aí que você tem toda a sustentação aqui. Pode ficar sossegado”.

O atual presidente da Funai é delegado federal de carreira e trabalhou em Barra do Garças, unidade da PF que tem jurisdição sobre os municípios onde está a terra indígena em que ocorreram os arrendamentos.

Como agia o servidor e os policiais militares

Segundo a operação “Res Capta”, Jussielson e os policiais militares – Gerrard e Enoque – agiam como um “poder armado” na região, tendo como marca registrada as vestes militares, o porte de arma de fogo a mostra, e uma forte atuação denotando poder de polícia estatal. Eles utilizavam de ameaças e violência física ou psicológica contra os indígenas residentes no local.

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Jussielson. Imagem: G1

A operação identificou extenso dano ambiental provocado por queimadas para formação de pastagem, desmatamento e implantação de estruturas voltadas à atividade agropecuária na região do povo Xavante. Os peritos estimaram em R$ 58,1 mil para reparar o dano de cada área atingida. Ao todo foram 15 áreas arrendadas ilicitamente. Fazendeiros arrendatários tiveram que desocupar as áreas e retirar o gado.

O MPF denunciou os réus pelos crimes de integração em milícia privada, sequestro qualificado, abuso de autoridade, peculato, favorecimento pessoal, usurpação de função pública na forma qualificada, porte ilegal de arma de fogo e estelionato.

Também está sendo investigado no esquema, o cacique Damião Parindzané, que teria concedido terras ilegalmente em troca de dinheiro.

A Funai disse, em nota, que está buscando uma solução para as terras arrendadas ilicitamente, mas não mencionou o aúdio do presidente.

“Desde 2018, busca-se uma solução para o impasse envolvendo a prática de arrendamento na Terra Indígena Maraiwatsede, localizada no Mato Grosso, em diálogo constante com o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal sobre o tema.”

Daniele Kopp

Daniele Kopp é formada em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) e Pós-graduada em Direito e Processo Penal pela mesma Universidade. Seu interesse e gosto pelo Direito Criminal vem desde o ingresso no curso de Direito. Por essa razão se especializou na área, através da Pós-Graduação e pesquisas na área das condenações pela Corte Interamericana de Direitos Humanos ao Sistema Carcerário Brasileiro, frente aos Direitos Humanos dos condenados. Atua como servidora na Defensoria Pública do RS.

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