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PRF prende manifestantes com armas e celulares em atos no MT

O superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Mato Grosso, Francisco Élcio Lucena, apresentou um relatório à imprensa, no final da tarde desta segunda-feira, falando sobre os atos de terrorismo praticado por supostos manifestantes bolsonaristas em vários pontos do Estado e das 14 prisões realizadas pela corporação.

Lucena também apresentou dois homens, de 41 e 27 anos respectivamente. Eles foram presos, por “atos análogos a terrorismo” e porte ilegal de arma em Sinop (500 km de Cuiabá), ao serem flagrados abordando um caminhão que se recusou a parar nos bloqueios nas rodovias.

PRF
Imagem: O Tempo

Com os dois homens a PRF apreendeu uma arma de fogo calibre ponto380, com dois carregadores e 36 munições, junto com quase R$ 1 mil em dinheiro, nove galões de gasolina, quatro facas e facões, quatro isqueiros, duas sacolas com estopas e um estilingue.

Chefe da PRF diz que manifestantes se tornaram “terroristas” e que estão cometendo crimes

O chefe da PRF disse em seu relatório que o “modus operandi” dos manifestantes mudou, desde as eleições, no dia 30 de outubro e que nesta nova etapa as manifestações têm sido violentas, com ataques a pessoas e incêndios criminosos a bens públicos e particulares, inclusive com o uso de armas de grosso calibre, bombas e outras armas.

Numa das ações, os terroristas perfuraram o asfalto da rodovia para instalar dinamites e destruir os caminhões que passavam sem parar nas barreiras.

Lucena, da PRF, ressaltou que os manifestantes estão cometendo crimes.

“São pessoas que estão agressivas e cometendo crimes. Nós não vamos admitir. Faremos de tudo para prendê-las e encaminhá-las às autoridades competentes.”

Nesta segunda-feira, a polícia atua em 16 pontos de interdições totais e parciais nas rodovias federais que cortam Mato Grosso.

Veja a íntegra do relatório da PRF: 

No período de manifestação tivemos dois momentos. No primeiro momento, do dia 30/10 ao dia 08/11, a PRF atuou juntamente a outras forças de segurança, através de negociações, desobstruindo 44 pontos nas rodovias federais e restabelecendo a fluidez do trânsito.

Num segundo momento, a partir de quinta (17.11), depois de ficarmos quase 8 dias sem qualquer tipo de bloqueio, houve um recrudescimento acentuado, que extrapolou qualquer capacidade operativa da PRF, porém mesmo assim coisas piores foram evitadas, dentre elas o colapso da ponte de Rondonópolis (ponte do Rio Vermelho).

Houve tentativa de ocupação novamente do Trevo do Lagarto, mas a polícia trabalhou para que não houvesse pontos de interdição novamente em Cuiabá, da mesma forma em Lucas do Rio Verde, em Campo Verde e em Primavera do Leste, ou seja, mais de 20 tentativas de ocupação da rodovia. Mesmo assim, na sexta feira, a polícia se reuniu com a Secretaria de Segurança Pública e estabeleceu um plano de ação. Dentre eles, na BR 163, que é o maior corredor logístico do estado. Estabelecemos como prioridade Sinop, Sorriso e Lucas do Rio Verde. Ficou ali alinhado que Sinop seria o primeiro município a atuar.

Encontramos grande quantidade de caminhões que estavam impossibilitados de se movimentar (contra a vontade do motorista) – as “bicas” foram abertas e derramaram mais de 100 toneladas de óleo na rodovia, demandando um esforço monstruoso. Neste dia aconteceram prisões de pessoas envolvidas. 

Nesse período, ocorreram diversos atentados, destacando-se: instalação de artefatos explosivos na BR 174 com a finalidade de causar risco lesivo à integridade física e ao patrimônio da população; incêndio criminoso em posto de atendimento a usuários da Rota do Oeste em Lucas do Rio Verde, em que os funcionários foram rendidos sob a mira de armas de grosso calibre, enquanto outros integrantes alvejaram o prédio e incendiaram uma ambulância e um caminhão-guincho da empresa; atentado contra caminhões na BR 163, em que homens encapuzados alvejaram com armas de grosso calibre dois caminhões e atearam fogo em ambos; depredação da ponte na BR 158 utilizando cortes ortogonais com o objetivo de derrubar a estrutura da mesma. 

Fizemos prisões, encaminhamentos e se consolida um apoio incondicional do Estado, de forma que o planejamento será feito de forma integrada.

O modo de atuação usado atualmente pelos manifestantes é diferente do que acontecia anteriormente. Hoje há o núcleo central e os núcleos acessórios. Nos acessórios estão pessoas cometendo crimes, dentre eles ameaça e até possibilidade de homicídio. Estamos trabalhando arduamente, hoje (21) saímos de reunião que o Governador, junto com todas as forças de segurança, assumiu um pacto para reestabelecer a ordem e o direito de ir e vir. Ninguém está acima da lei, vamos restabelecer a ordem e o direito de ir e vir em Mato Grosso.

Todas as medidas serão tomadas, seja operacional, administrativa ou jurídica. No total, 11 pessoas foram conduzidas e encaminhadas às Polícias Judiciárias competentes e mais de 50 pessoas foram identificadas e encaminhadas para apuração e aprofundamento nas investigações. Precisamos que todos trabalhem, pois as manifestações estão também nos centros urbanos. Devemos trabalhar a nível federal, estadual e municipal. Temos compromisso com a impessoalidade, somos uma polícia de estado agindo diuturnamente.

Fonte: G1

Daniele Kopp

Daniele Kopp é formada em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) e Pós-graduada em Direito e Processo Penal pela mesma Universidade. Seu interesse e gosto pelo Direito Criminal vem desde o ingresso no curso de Direito. Por essa razão se especializou na área, através da Pós-Graduação e pesquisas na área das condenações pela Corte Interamericana de Direitos Humanos ao Sistema Carcerário Brasileiro, frente aos Direitos Humanos dos condenados. Atua como servidora na Defensoria Pública do RS.

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