Introdução sobre o Profiling Geográfico
Introdução sobre o Profiling Geográfico
O Profiling Geográfico ou Geoprofiling se configura como uma das cinco abordagens metodológicas do Criminal Profiling, dentre elas estão: a Análise da Investigação Criminal (FBI), Avaliação Diagnóstica (feita através de uma perspectiva clínica), Psicologia Investigativa (David Canter) e a Análise das Provas Comportamentais (Brent E. Turvey).
O objetivo em comum destes métodos é a construção do perfil criminal de estupradores, homicidas, arrombadores e incendiários. Logo, este perfil combinado com outras metodologias configura-se como uma ferramenta elementar do processo investigativo. E no referido tema, a finalidade é a construção de um perfil geográfico, de modo que ao utilizar as localizações dos crimes (em série) determinaria a provável área residencial do criminoso, sendo representado por mapa.
O precursor do Profiling Geográfico foi o canadense Kim Rossmo. Para este autor, o crime não ocorre de forma aleatória e que existem padrões espaciais que refletem a personalidade e a vida do agressor. Portanto, “quando um indivíduo comete uma série de crimes deixa informações acerca do seu mapa mental, o que, por sua vez, permite deduzir informações acerca do agressor” (Konvalina –Simas, 2014. p.79).
A ideia do Profiling Criminal ou Geoprofiling originou dos estudos científicos da Criminologia Ambiental, cuja maior preocupação é saber quando e onde ocorrerá o crime.
O psicólogo inglês, David Canter, desenvolveu várias pesquisas em Psicologia Ambiental, evidenciando as interações entre o ambiente e as pessoas. De início, tentou estabelecer se o caminho no qual o criminoso percorre tem alguma ligação com o tipo de crime cometido e segundo o autor, os criminosos sentem-se mais confortáveis e com certo “controle” em uma área conhecida por eles.
Para Rossmo e Velarde (2008), os locais de crime não são distribuídos aleatoriamente, e estes locais sofrem influências das características do espaço (distância viajada) e do seu ambiente físico.
O Profiling Geográfico diferencia dois tipos de extensão: a primeira, apresentada como Alcance Residencial, isto é, o local onde o criminoso reside e é preservado pelo alto risco de ser capturado ou reconhecido, nessa área não há cometimento de crimes, calcula-se aproximadamente, oitocentros metros em torno da residência; e o Alcance Criminal é a circunscrição da área que ocorrem os crimes. Canter e Larkin (1993) distinguem dois padrões comportamentais na área do alcance criminal, são denominados Commuter e Marauder, sendo o último o mais comum.
As pessoas, inclusive os criminosos, possuem suas atividades rotineiras: deslocamento para o trabalho, ida ao shopping, visitar a casa de um amigo. O percurso até essas localizações e as ruas entre elas configuram-se como a “zona de conforto”, podendo aplicar o princípio da familiariedade, ou seja, por terem conhecimento da área se sentem à vontade em escolher seus alvos e cometer seus crimes, configurando o Alcance Criminal do Marauder.
Segundo estes autores, os crimes geralmente ocorrem a menos de duas milhas (mais ou menos três quilometros) de sua residências.
Os Commuters percorrem um caminho que vai além da área de conforto, viajam e se distanciam das ruas e localizações presentes no seu dia-a-dia. Para Meaney (2004), o motivo da distância percorrida pode ser devido a escassez de alvos/ vítimas perto de casa ou a descoberta de alvos mais interessantes em outra região.
Outra possibilidade, pode ser a evolução do criminoso Marauder, que, após cometer diversos crimes próximos a sua residência, a área estaria “suja”, assim aumentando o risco de ser capturado pela polícia e a distância seria uma saída.
O Profiling Geográfico é aplicado através de programas de computador (softwares), por isso não comtempla as provas comportamentais ou o perfil psicológico do agressor. Esse é um ponto que esta metodologia fica em falta, pois existem percepções e análises que somente a experiência humana pode refutar.
Em todo caso, a compreensão dos padrões geográficos dos criminosos pode fornecer um meio para determinar a área mais provável da residência do ofensor e auxiliar na investigação de difícil resolução.
REFERÊNCIAS
CANTER, D., &LARKIN, P. The Environmental Range of Serial Rapists. In: Journal of Environmental Psychology. 13, 63-69. 1993.
KONVALINA- SIMAS, T. Profiling Criminal –Introdução à análise comportamental no contexto investigativo. 2 ed. Editora Letras e Conceitos Lda, 2014. 306p.
MEANEY, R. Commuters and Marauders: Na Examination of the Spatial Behaviour of Serial Criminals. In: Journal of Investigation Psychology na Offender Profiling. 1: 121-137. 2004
ROSSMO, D.K.; VELARDE, L. Geographic Profiling Analysis: Principles, Methods and Applications. In: Crime Mapping Case Studies: Practice and Research. Edited by Spencer Chainey and Lisa Tompson. 2008.
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