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Em júri, Promotor diz que advogada “rebolou” para convencer jurados

Um vídeo no qual um promotor diz que a advogada de defesa estava “rebolando” para convencer o júri a seu favor está chamando a atenção nas redes sociais. 

O caso aconteceu no plenário de Taubaté, no interior de São Paulo, envolvendo a advogada criminalista Cinthia Souza e o 1º Promotor de Justiça Auxiliar de Taubaté, Alexandre Mourão Mafetano.

Advogada critica Promotor que disse que ela “rebolava” para convencer jurados: “ machistas e hostis”

Cinthia Souza diz estar sentindo um desconforto com o comentário.

 “O fato aconteceu no dia 20 de outubro e estou perplexa até agora. Sabe quando a ficha não cai? Estou com um completo desconforto dentro de mim. Alguns colegas me perguntaram por que eu não abandonei o plenário”

Cinthia e Alexandre estavam em um debate entre defesa e acusação, comum em julgamentos, quando, segundo a advogada, o promotor insinuou que o fato de o réu ter escolhido ficar em silêncio, algo que é um direito constitucional, era prova de que ele era culpado. 

“Em um determinado momento dos debates, o promotor mencionou o fato do silêncio do réu. Ele usou esse argumento como autoridade perante os jurados, mas isso é um direito constitucional e não poderia ser citado ou insinuado como se o réu tivesse algo a esconder”

A acusação poderia até levar à anulação do julgamento. No embate, Cinthia falou que ele não poderia usar isso como argumento. 

Foi quando, segundo ela, Alexandre disse que ela tem o “hábito de rebolar”. 

“Pedi respeito, dizendo que estava exercendo minha profissão como ele. Quando virei de costas, ele perguntou se eu tinha acabado meu teatro, meu show. Em vários momentos ele desrespeita as advogadas defensoras, com o intuito de nos desestabilizar emocionalmente”.

Por se tratar de uma comarca pequena, Cinthia afirma que há muito machismo. 

“Existe um protecionismo e um conservadorismo. São ambientes machistas e hostis, sobretudo na advocacia criminal. Quando uma advogada mulher entra no embate, os promotores se sentem ofendidos, quando na verdade são eles que nos ofendem”.

No vídeo, nota-se o momento em que o Promotor ofende a causídica, que responde:

“Rebolando? O senhor me respeite. Está achando que estou aqui fazendo o que? Eu estou aqui trabalhando. Vai me desrespeitar porque sou mulher? O senhor meça suas palavras. Estou aqui exercendo a minha profissão, tanto quanto você.”

Confira o vídeo abaixo:

Fonte: Migalhas

Daniele Kopp

Daniele Kopp é formada em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) e Pós-graduada em Direito e Processo Penal pela mesma Universidade. Seu interesse e gosto pelo Direito Criminal vem desde o ingresso no curso de Direito. Por essa razão se especializou na área, através da Pós-Graduação e pesquisas na área das condenações pela Corte Interamericana de Direitos Humanos ao Sistema Carcerário Brasileiro, frente aos Direitos Humanos dos condenados. Atua como servidora na Defensoria Pública do RS.

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