Richard Speck, o assassino de enfermeiras
Estrangular alguém não é como na TV. Leva mais de três minutos e você tem que ter muita força – Richard Speck
A PERSONALIDADE
Richard Benjamin Speck nasceu em 6 de dezembro de 1941, na cidade de Kirkwood, Illinois, Estados Unidos da América, sendo o sétimo filho de Mary Margaret Carbaugh Speck e Bejamin Franklin Speck, que faleceu quando seu filho Richard (com quem tinha uma estreita relação) tinha apenas 6 anos de idade, vítima de um ataque cardíaco fulminante.
Em 1950, já morando com sua família no estado do Texas, sua mãe se casou com Carl August Rudolph, um vendedor de seguros alcoólatra que frequentemente agredia seu enteado Richard.
Aos 12 anos de idade, Speck era um péssimo aluno. Começou a beber aos 12 anos de idade e passou a ter dores de cabeça freqüentes após um episódio em que caiu de uma árvore. Existe a suspeita de que tal cefaléia também pode ter tido origem nas agressões que sofria de seu padrasto.
Richard se recusou a usar óculos, mesmo tendo sido constatado um problema em sua visão. Tal situação, aliada ao fato de beber durante boa parte do dia, e seu medo de realizar apresentações durante as aulas (pois sentia medo dos olhares das pessoas) fez seu desempenho escolar decair ainda mais, culminando em sua reprovação na oitava série. Após seu desempenho continuar o mesmo, abandonou a escola durante a nona série.
Aos 13 anos, o jovem Speck foi preso pela primeira vez ao invadir uma propriedade privada, e continuou praticando pequenos delitos e colecionando prisões nos anos seguintes, mesmo período em que tatuou em seu braço a frase “Born To Raise Hell” (Nascido Para Causar O Inferno).
Pouco depois conseguiu um emprego na empresa 7-Up, onde ficou por quase três anos. Conheceu Shirley Anete Malone em 1963, com quem iniciou um namoro que resultou em uma gravidez após três semanas de relacionamento. Casaram-se em 1962 e foram morar com sua mãe (que a essa altura já havia se divorciado de seu padrastro) e sua irmã, também chamada Carolyn.
Sua filha, Robbie Lynn, nasceu em 5 de julho de 1962, mas Richard estava preso, cumprindo uma pena de 22 dias, devido a uma briga em que se envolveu. Aos 21 anos, Speck foi condenado a 3 anos de prisão, por falsificação e roubo, mas cumpriu apenas 16 meses.
Devido ao seu estilo de vida, sua esposa quis se divorciar. Após retornar à sua terra natal, Speck soube que sua ex-esposa se casou novamente dois dias após o divórcio, e isso não lhe fez nada bem.
Casou-se novamente, mas em janeiro de 1966 sua nova esposa decidiu se divorciar.
AS VÍTIMAS
No mesmo mês de seu segundo divórcio, Richard Speck apunhalou um homem em uma briga de bar. Contudo, devido ao bom serviço prestado pelo advogado contratado por sua mãe, foi condenado apenas a uma multa de dez dólares pelo cometimento do delito de “perturbação da paz”.
Na madrugada de 3 de abril de 1966, roubou e estuprou Virgil Harris, uma senhora de 65 anos de idade. Uma semana depois, agrediu a garçonete Mary Kay Pierce com um golpe de faca no abdômen que rompeu seu fígado, causando assim a morte.
Seu corpo foi abandonado em um chiqueiro atrás de um bar frequentado por Speck. Após investigações da polícia, Speck fugiu da cidade, sendo encontrado em seu quarto de hotel pertences que haviam sido roubados de Virgil Harris.
Passou a residir com sua irmã Martha, na cidade de Chicago. Através de seus contatos, Richard conseguiu com seu cunhado Gene Thornton um trabalho na Marinha Mercante dos Estados Unidos. O empregou não durou muito.
Em sua primeira viagem sofreu uma crise de apendicite, tendo que voltar às pressas para ser operado. Na segunda, brigou com dois oficiais, colocando um ponto final em sua breve carreira na Marinha Mercante.
Em 14 de julho de 1966, Speck invadiu um dormitório, onde rendeu 8 enfermeiras, que foram agredidas, estupradas e mortas através de enforcamentos e de golpes desferidos com sua faca. Apenas uma jovem sobreviveu, pois se escondeu debaixo de uma cama durante todo o crime, se livrando do mesmo destino de suas oito amigas.
Vários policiais que chegaram ao local do crime não se contiveram e vomitaram diante de tal barbárie. A sobrevivente Cora Amurao informou à polícia que o homicida tinha sotaque sulista, o que resultou em uma busca pelos hotéis da região.
Após os investigadores considerarem Richard suspeito pelos homicídios, rapidamente ele se hospedou em outro hotel, usando um nome falso, e no fim do dia levou uma prostituta para seus aposentos. Após a realização do programa, a prostituta revelou a um funcionário do hotel que seu cliente possuía uma arma guardada em seu quarto.
A polícia foi informada no dia seguinte e invadiu o quarto. Mesmo encontrando os verdadeiros documentos de Speck, os policias não sabiam de quem se tratava, e apenas apreenderam a arma de fogo e foram embora.
Investigações apontaram que as impressões digitais encontradas na arma apreendida eram compatíveis com as impressões encontradas na cena do crime, e Richard Speck passou a ser oficialmente procurado, tendo suas fotos divulgadas nos jornais e na TV.
Quando Richard se viu na mídia, tentou cometer suicídio em seu quarto de hotel, cortando os pulsos, mas se arrependeu e ligou para um amigo que o resgatou e o levou ao hospital.
Durante o atendimento, um médico o reconheceu dos jornais e TV pela sua tatuagem “Nascido para causar o inferno”. Um policial foi chamado e efetuou a prisão de Speck.
O JULGAMENTO
Acusado de diversos homicídios e estupros, Richard alegou que não se lembrava com clareza dos fatos a ele imputados, pois estava alcoolizado e planejava apenas roubar suas vítimas.
Reconhecido por Cora Amurao, a única das enfermeiras sobreviventes, Speck foi condenado pelo júri após 49 minutos de deliberação à pena de morte, através da cadeira elétrica.
A defesa de Richard recorreu, mas a sentença foi confirmada pelo Supremo Tribunal de Illinois. Em 1972, as leis estaduais foram modificadas, e sua pena foi convertida em prisão perpétua.
A PRISÃO
Todos os seus pedidos de liberdade condicional foram negados ao longo dos anos. Posteriormente, em 1978, ele assumiu o cometimento dos delitos em uma entrevista ao repórter Bob Greene do Chicago Tribune:
Eu não tinha sentimentos naquela noite. Eles disseram que havia sangue por todo o lugar. Não consigo lembrar.
Na prisão, Richard colecionava selos e ouvia músicas. Por diversas vezes foi flagrado com drogas, mas afirmava que não se importava com as possíveis punições, pois de qualquer jeito estaria ali para sempre. Assim como seu pai, faleceu devido a um ataque cardíaco, em 5 de dezembro de 1991.
Em 1996, uma emissora de TV de Chicago, recebeu fitas de vídeo com registros realizados na prisão Stateville em 1998. No vídeo, que pode ser classificado como perturbador, Richard Speck aparece vestindo uma calcinha e ostentando um grande par de seios femininos, provavelmente resultados de medicamentos hormonais contrabandeados.
No mesmo vídeo, Richard aparece praticando sexo oral em um detento, inalando cocaína juntamente com outro prisioneiro enquanto profere a seguinte frase:
Se eles soubessem o quanto eu diverti, me deixariam solto.
Por trás da câmera, um detento pergunta a Speck se ele havia matado as enfermeiras. Speck responde:
Claro que sim.
Quando perguntado o motivo, ele encolhe os ombros e brinca:
Não foi a noite delas.