Serial killers que matam animais
Serial killers que matam animais
Quando nos aprofundamos no histórico de assassinos em série, não é difícil nos depararmos com um percurso de violência e abuso contra os animais. Frequentemente, os ambientes em que essas pessoas viveram na infância foram sem nenhum valor ético e respeito às normas sociais.
Uma das histórias mais emblemáticas dessa realidade é a de Edmund Emil Kemper III, famoso serial killer dos anos 70 condenado à prisão perpétua por oito assassinatos. Seu histórico criminoso iniciou aos 15 anos, quando por um ato de fúria atirou com um rifle em sua avó, o que antecedeu uma série de crimes hediondos.
Kemper desde criança já sofria violência e diversos abusos psicológicos e físicos de sua mãe. A raiva e o menosprezo que sentia eram descontados nos animais, onde desde a infância caçava coelhos e esquilos, além de desmembrar gatos.
Conforme seu relato, a tortura e morte dos animais era uma forma de sentir-se vingado de sua família, desejando principalmente a morte de sua mãe, o que veio a ocorrer alguns anos depois. Em depoimento, Kemper admitiu a frieza com que assassinava suas vítimas, além do “prazer” em praticar canibalismo.
História um tanto bizarra, porém essa realidade está longe de ser incomum, já que a maioria dos casos em que envolvem assassinos em série costuma vir de maus-tratos sofridos ainda na infância. Conforme Rámila (2012, p.107) descreve:
A realidade nos dita que ninguém nasce com as normas morais aprendidas. Estas são adquiridas no decorrer da infância e da adolescência. Durante essas épocas a criança vai formando uma imagem de si mesma e de sua família e amigos.
Cabe salientar, que o desenvolvimento dos seres humanos é uma eterna constante, pois advém do ambiente em que convivem e de sua hereditariedade. O que se constrói no ambiente familiar pode ter influência no desenvolvimento da criança na esfera social e psicológica, fatores os quais podem criar uma trajetória de especificidades rumo aos valores sociais e culturais.
Conforme o que ocorria com Kemper, crianças que sofrem maus-tratos transmitem seus medos e raiva contra os animais, tendo aquilo como algo “comum” em suas vidas. Acompanhado com o desvio de conduta nas crianças, vem a mentira, a incapacidade de se frustrarem, o bullying contra os colegas e outras violações sociais.
Os maus-tratos na infância podem ter diversas consequências negativas, porém, nem todas na esfera criminal. Frisa-se que as consequências podem ser irreversíveis, já que é um período em que a criança desenvolve a predisposição para a conduta, podendo ser ela delinquente ou não.
Cabe salientar, que é possível que uma pessoa desenvolva a predisposição em matar sem nunca ter “encostado em um animal”, mas são raras exceções, já que quem tortura e mata animais, possui facilmente uma tendência natural a machucar seres humanos.
O prazer sádico de assassinos seriais não está somente em matar, mas sim de realizar um desejo sádico de ver e ouvir o último suspiro de suas vítimas, revelando-se um terrível índice que só aumenta no passar dos anos.
Assim como Kemper, Theodore Robert Bundy foi um dos mais conhecidos seriais killers do mundo, iniciando a série de crimes também nos anos 70. Bundy teve uma infância marcada pelo isolamento, timidez e insegurança, seu maior divertimento era mutilar animais. Já adulto, matava principalmente mulheres, revelando em seu depoimento que “estrangulava suas vitimas olhando-as nos olhos”, após, com a ajuda de uma serra de metal desmembrava seus corpos.
Desse modo, denota-se que não são poucos os casos em que a infância de serial killers é marcada por abusos, negligências e maus-tratos a animais. A dissociação da realidade dessas pessoas é extrema, vez que não possuem a prudência do que é certo ou errado, já que para elas o comportamento violento e agressor é tido como algo corriqueiro em suas vidas.
Há de se ter em conta que a crueldade contra animais é considerada um comportamento sádico e hediondo, porém, essa é apenas uma das formas de manifestação para um comportamento antissocial, egocêntrico e cruel.
Cabe aos pais terem uma atenção especial no comportamento das crianças, constatando se há um desvio de conduta em sua personalidade, bem como a falta de socialização e compaixão por outros seres vivos, buscando assim, minimizar a ocorrência de violência e futuras contravenções na fase adulta.
REFERÊNCIAS
CASOY, Ilana. Serial killers: louco ou cruel?. Rio de Janeiro: Darkside, 2014.
RÁMILA, Janire. Predadores humanos, o obscuro universo dos assassinos em série. São Paulo: Madras, 2012.
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