Tráfico de pessoas: um crime cruel e lucrativo que ameaça os direitos humanos
Tráfico de pessoas: uma chaga de escravidão moderna que exige respostas urgentes
No século XXI, uma forma cruel de escravidão ainda persiste e afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Trata-se do tráfico de pessoas, uma atividade criminosa que exerce a exploração em diversas formas e é comumente movida por fatores econômicos e sociais.

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O que é o tráfico de pessoas e qual o seu impacto global?
O tráfico de pessoas se caracteriza pela aliciação, transporte, transferência, alojamento ou acolhimento de pessoas, recorrendo a ameaças, uso de força ou outras formas de coação. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), essa atividade criminosa é a terceira mais lucrativa do mundo, movimentando cerca de 32 bilhões de dólares por ano.
São formas predominantes de exploração: a sexual, o trabalho forçado e a remoção de órgãos. A estimativa da própria ONU aponta que aproximadamente 2,5 milhões de pessoas são vítimas de tráfico de pessoas a cada ano.
Quem está mais vulnerável ao tráfico de pessoas?
Grupos como mulheres, crianças, migrantes, refugiados e excluídos socialmente, muitas vezes em situação de vulnerabilidade socioeconômica, são os mais visados pelos criminosos. Desigualdades sistemáticas e duradouras, como a econômica, a racial e a de gênero, contribuem para essa situação.
O crime é intermediado por figuras conhecidas como “coiotes” ou “gatos”, que facilitam o recrutamento das vítimas e muitas vezes os mantêm em condições degradantes de trabalho, violando as normas legais vigentes.
Como o Brasil enfrenta o tráfico de pessoas?
Com o crescimento econômico dos últimos anos, o Brasil tem atraído mais imigrantes, muitas vezes em situação irregular. Eles acabam sendo forçados a laborar em condições sub-humanas em fábricas de roupas ou na construção civil nas áreas metropolitanas.
Contudo, os mecanismos do Estado ainda não demonstraram ser suficientes para erradicar essa prática. Os imigrantes, por medo e barreiras linguísticas, têm dificuldades para buscar assistência dos órgãos estatais.

Quais são as diretrizes para combater o tráfico de pessoas?
Para efetivamente combater esse crime, é necessária uma abordagem abrangente que envolva a prevenção, a proteção das vítimas e a punição dos traficantes. Essa abordagem precisa ser ancorada em leis e políticas que tratem das diferentes formas de tráfico de pessoas e garantam a proteção das vítimas.
Além disso, deve haver investimento em educação e conscientização da população, bem como a promoção de oportunidades econômicas e sociais principalmente em regiões vulneráveis.
Quanto às vítimas, devem ser garantidos mecanismos de abrigo seguro, serviços de saúde, apoio emocional e acesso à justiça. Já no âmbito da punição dos traficantes, é necessário fortalecer o sistema jurídico e a capacidade das autoridades em investigar e processar esses crimes.
Deve-se lembrar, no entanto, da importância da cooperação internacional no combate ao tráfico de pessoas, compartilhando informações e adotando medidas conjuntas.
Com esforços conjuntos da sociedade, governos e organizações internacionais, é possível desamarrar as correntes invisíveis do tráfico de pessoas e assegurar a liberdade e a dignidade humana para todos.
(*) Raquel Gallinati é Delegada de Polícia e diretora da Associação dos Delegados de Polícia (Adepol) do Brasil.