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Tráfico de drogas: o problema do Brasil

Tráfico de drogas: o problema do Brasil

Violência generalizada, homicídios, crimes patrimoniais, agressões…, tudo decorre do tráfico de drogas, o grande problema do Brasil.

A maior parte disso é consequência das drogas. Mas não das drogas em si (maconha, cocaína, crack, lsd…), e sim do combate às drogas.

As chacinas, a perseguição do Estado aos mais pobres, as UPP’s, a discriminação, os tiroteios, as mortes dos “bandidos” e dos policiais, menores da periferia fora da escola, o genocídio institucionalizado, tudo decorre da “guerra” ao tráfico de drogas.

Como podemos resolver essas questões? Com o fim do tráfico ilícito de entorpecentes.

Mas o fim do tráfico de drogas é obtido com o fim do consumo das “drogas” ou com o fim da proibição do consumo?

Certamente, o maior mal das drogas está na sua criminalização, fazendo com que os envolvidos sejam marginalizados, delegando a distribuição dos entorpecentes aos mais frágeis da sociedade, e não no efeito causado a quem a consome.

Não podemos acreditar que o mal está na droga (como substância), combatendo-as, demonizando-as, sob o argumento de que “fazem mal”, pois várias outras coisas (como o bacon, por exemplo) fazem muito mais mal à saúde do que o consumo de “drogas”, mas nem por isso são proibidas.

Quantas pessoas morrem por dia em decorrência do combate ao tráfico de drogas e quantas morrem pelo uso das substâncias criminalizadas?

Faz sentido mantermos o combate às drogas, nos moldes como fazemos hoje? Qual o resultado obtido? As pessoas pararam de vender ou de usar drogas?

Acredito que a resposta a essas perguntas seja não, motivo pelo qual devemos mudar a estratégia que vem sendo adotada.

Quero deixar claro que o debate não é favorável/contrário ao uso de entorpecentes, mas fazer pensar: onde está o problema, na substância ilícita ou no genocídio diário (“justificado” pelo combate ao tráfico)?

Necessário compreender, também, que o fato de uma substância ser lícita ou ilícita não faz com que seja mais ou menos consumida. O álcool e o tabaco, por exemplo, são substâncias lícitas, mas as pessoas não nascem com uma lata de cerveja e um maço de cigarro nas mãos.

Argumentar que a legalização aumentará o consumo é tão frágil quanto sustentar a impossibilidade pelo “mal” que elas fazem.

Na realidade, ao demonizarmos as “drogas”, ao invés de entender todas as engrenagens relacionadas, caímos no objetivo daqueles que nos “governam”, que é tirar o foco dos reais traficantes, daqueles que verdadeiramente lucram com as drogas, os quais, engravatados, na Capital do Brasil, riem da nossa cara a cada morte decorrente do tráfico de drogas.

Se não querem que as pessoas usem drogas, lícitas ou ilícitas, eduquem melhor os seus filhos e sejam mais presentes em suas vidas, pois não é a criminalização que afastará as pessoas do uso de entorpecentes.

Somos hipócritas o suficiente para apontarmos o dedo para a “favela”, apoiando chacinas diárias, mas, escondidos, tomamos calmantes, relaxantes musculares, dentre várias outras drogas legalizadas todos os dias, com o mesmo objetivo daqueles que usam as drogas ilícitas, nos entorpecer.

O problema, então, está na criminalização ou no ser humano?

Assim, uma coisa é certa, a criminalização das drogas e as medidas de “combate” não vêm resolvendo nada! Pelo contrário, só fazem aumentar a violência.

Que tal legalizarmos para ver o resultado?!

Afinal, como disse um dos nossos “políticos”, “pior do que tá não fica”.

Um grande abraço e até a próxima semana!

Pedro Magalhães Ganem

Especialista em Ciências Criminais. Pesquisador.

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