A ascensão dos documentários criminais no Brasil

Há um fenômeno intrigante e ao mesmo tempo fascinante que vem tomando conta dos canais de streaming no Brasil e no mundo, a popularidade dos documentários criminais – também conhecidos como “true crimes“. Em meio a esse crescimento, destaca-se a série “O canibal de Milwaukee”, que ocupa o segundo lugar entre as séries mais vistas em 2023 e traz a visão documental a respeito do notório serial killer americano Jeffrey Dahmer.

Não apenas a série acima mencionada, mas inúmeros outros documentários e séries que mergulham no mundo obscuro dos true crime estão atraindo uma audiência global diversificada. Isso toca em uma curiosidade profunda do público em entender a realidade brutal por trás das manchetes sensacionalistas e penetrar na psicologia dos criminosos.

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Por que a obsessão por ‘true crime’?

Especialistas expressam visões variadas e interessantes sobre esse aumento da popularidade. Alguns acreditam que isso satisfaça o impulso reprimido de experiências radicais, enquanto outros veem isso como uma consequência de uma era de reality shows que glorificam o pior da humanidade. A escassez de contextos holísticos nas notícias fragmentadas dos tempos modernos é outra razão apontada para o interesse em tais documentários que oferecem um ponto de vista completo e detalhado.

O que a crítica diz?

Existem críticos que fazem uma distinção marcante entre os programas jornalísticos padrão e os documentários verdadeiros. Segundo eles, nem todas as narrativas audiovisuais de não ficção são necessariamente documentários. Os documentários, argumentam, dão importância à forma, ao modo de apresentação, além do mero conteúdo. E é esta exploração de forma que falta em muitos programas sensacionalistas rotulados como documentários true crime.

Podcasts de casos criminais também têm atraído um público considerável. Interessantemente, a maioria dos nossos ouvintes são mulheres. Estatísticas informam que quase 80% dos ouvintes de um famoso podcast criminal brasileiro, o Modus Operandi, são mulheres. Eles atribuem isso à curiosidade das mulheres em entender a mente humana, principalmente porque as mulheres são as maiores vítimas de crimes.

Onde isso vai dar?

Por muito que se possa argumentar sobre os motivos por trás dessa fascinação pública por documentários true crime, é indiscutível que, bem feito, este gênero pode abrir ao público uma janela para a mente criminosa, além de escancarar os detalhes sórdidos dos crimes. Como o interesse do público parece apenas estar aumentando, o futuro pode trazer mais dessas verdadeiras histórias de crimes para iluminar os cantos escuros da sociedade e talvez até mesmo fazer uma contribuição significativa para a reforma penal.