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‘Um Crime Bárbaro’: conheça um feminicídio retratado sem os truques do ‘true crime’

Ieda Magri e sua reintepretação de um true em “Um Crime Bárbaro”

Na recente obra literária denominada “Um Crime Bárbaro” (Autêntica Contemporânea, 160 págs., 54,90 reais), escrita por Ieda Magri, a autora aborda um fato ocorrido em 1981 em sua cidade natal, Águas Frias, Santa Catarina. A narrativa gira em torno de uma menina de 13 anos, vítima de um crime cruel. Agora, 42 anos após os acontecimentos, a escritora retorna os olhares àquele episódio para contar a história.

Ieda Magri, por diversas vezes, adiou a escrita desse relato, que envolve questões éticas sérias, além de tocar diretamente na dor de uma família que ainda sente o peso deste crime. A autora precisou amadurecer para abordar em sua obra a crueldade de um feminicídio, uma violação sexual seguida de assassinato e mutilação.

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Quais desafios Ieda Magri enfrentou para escrever o livro?

Um dos grandes dilemas encarados pela autora foi como não transformar o crime em experiência estética, preservando a memória da vítima. A preocupação de Ieda Magri era não diminuir a tragédia do acontecimento através da narrativa e fazer jus à realidade do crime.

A autora encontrou sua forma de contar a história ao incluir-se na trama. Seu relato se desenvolve enquanto Ieda retorna à cidade para conduzir sua própria investigação do crime. A autora conversa com as pessoas que recordam o crime e mescla essas memórias às suas próprias lembranças do acontecimento envolvendo a vítima, Maria Tommasino.

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O livro de Leda é um True Crime?

A obra não se enquadra exatamente no gênero literário true , que se propõe a reconstruir acontecimentos reais. A obra se afasta do sensacionalismo, apresentando uma prosa cuidadosamente elaborada. Por demais, a narrativa, conduzida por Magri, distancia-se do aspecto factual e cada vez mais adquire contornos ficcionais, que são construídos a partir das diversas versões do episódio na memória local.

Afinal, quem são os culpados no caso descrito no livro?

O crime, até hoje, não foi completamente elucidado. Dois forasteiros foram responsabilizados pelo ocorrido. Contudo, a autora, que cresceu ouvindo essa história, não descarta a possibilidade de esses homens terem sido injustamente incriminados, sendo “bodes expiatórios”.

Para Ieda Magri, o caso acaba assumindo uma função “moralizadora” ou “didática”, uma vez que é utilizado como um exemplo ou aviso para as mulheres da cidade. Apesar de marcar profundamente a comunidade até hoje, o caso é um tabu, e poucas pessoas se sentem confortáveis em discutir sobre o assunto abertamente.

Redação

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