Violação sexual em ascensão: O silêncio dos homens brasileiros
Aumento na violência sexual contra meninos e homens ganha destaque no Brasil
Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2022, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aproximadamente 9,4 milhões de pessoas no Brasil sofreram algum tipo de violência sexual durante a vida. Dentre eles, 1,8 milhão são meninos e homens. Os dados alarmantes apontam uma realidade que muitas vezes é ignorada ou silenciada.
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Os números por trás do silêncio
O Ministério da Saúde revelou que entre os jovens, apenas 46% das meninas que foram vítimas de abusos sexuais chegam a denunciar o ocorrido. Já em relação aos meninos, a porcentagem cai drasticamente para 9%. De acordo com um estudo publicado pela revista Nature em 2023, estima-se que cerca de 10% dos homens no mundo vivenciaram algum tipo de abuso sexual durante a infância.
Violência sexual: um problema subestimado
Apesar dos números expressivos, a violência sexual contra meninos e homens permanece sendo uma problemática pouco discutida na sociedade. Segundo pesquisadores da área, a subnotificação decorre da ideologia patriarcal, que associa a masculinidade a conceitos de força e inatingibilidade, tornando o assunto um tabu social.
Impactos do abuso sexual nos homens
Os impactos da violência sexual não se limitam apenas ao ato em si, mas se estendem para diversas áreas da vida das vítimas. O levantamento mostra que homens que foram vítimas de abusos sexuais são mais propensos ao uso de drogas, ao isolamento social, à prática de sexo anal sem proteção, a terem ideias suicidas e a apresentarem disfunções sexuais.
O perfil dos agressores
Contrariando o senso comum de que o abusador é sempre do sexo masculino, o estudo ainda apontou que, em seis dos 53 trabalhos analisados, as agressões foram cometidas por mulheres. De maneira similar ao que acontece com as vítimas do sexo feminino, os agressores normalmente são pessoas próximas, como amigos e familiares.
Como combater a violência sexual contra meninos e homens?
O primeiro passo para enfrentar o problema da violência sexual contra meninos e homens é reconhecer a existência dele. Cada vez mais, é preciso desconstruir estereótipos de gênero que perpetuam tais atos e abrir espaço para a discussão sobre o assunto. Para além disso, é fundamental que haja apoio psicológico e jurídico para as vítimas, uma vez que os impactos do abuso são severos e duradouros.
É necessário também uma maior atuação das políticas públicas e de campanhas de conscientização, para estimular a denúncia da violência e questionar os comportamentos nocivos que contribuem para a perpetuação do problema. Para romper com o silêncio, é vital falar sobre o assunto.