Noticias

Argentina não sabe quantas pessoas ‘desapareceram’ na ditadura militar 40 anos após fim do regime; entenda o motivo

Estimativas de organismos de direitos humanos indicam que cerca de 30 mil pessoas foram assassinadas pela ditadura argentina. Essa é uma ferida que, mesmo após 40 anos do fim do último regime militar, ainda não cicatrizou. As respostas definitivas sobre as vítimas desta época sombria permanecem como segredos militarmente guardados.

A organização Mães da Praça de Maio, formada em 1977 por um grupo de mães que buscavam seus filhos “desaparecidos” durante a ditadura, tem lutado incansavelmente para desvendar esses segredos. Mesmo após décadas, muitos arquivos sobre as vítimas estão escondidos, conforme relatado por Taty Almeida, membro da referida organização.

canalcienciascriminais.com.br argentina nao sabe quantas pessoas desapareceram na ditadura militar 40 anos apos fim do regime entenda o motivo ditadura argentina

Leia mais:

Acusados de matar cinegrafista em manifestação vão a julgamento após uma década

Líder do PCC que tinha vida de luxo no Paraguai é condenado a 11 anos de prisão

O legado da luta por justiça na Argentina

O progresso na busca por justiça é, de certa forma, uma conquista da Argentina. Mais de 1,2 mil repressores foram condenados em aproximadamente 300 ações civis, segundo a Secretaria de Direitos Humanos do país. Além disso, graças aos esforços de organizações de direitos humanos, mais de 130 crianças, que nasceram em cativeiro durante a ditadura, foram identificadas e devolvidas aos seus verdadeiros familiares.

Essas ações ajudaram a iluminar algumas das práticas mais hediondas da ditadura, como os chamados “voos da morte”, onde prisioneiros eram lançados vivos e drogados sobre o Rio da Prata ou sobre o Oceano Atlântico. No entanto, o número total de vítimas do regime ainda é incerto.

Por que o número de vítimas é impreciso?

A falta de informações exatas sobre as vítimas forçou as organizações de direitos humanos a se limitarem à estimativa de aproximadamente 30 mil desaparecidos. Contudo, apesar dessa cifra ter se tornado um emblema da luta por “Memória, Verdade e Justiça”, ela é frequentemente questionada.

Recentemente, o debate sobre o número real de vítimas foi reacendido com acirramento de posições políticas no país. Alguns argumentam que o número real de vítimas é significativamente menor do que os 30 mil estimados. Apelos para a reanálise do número de vítimas têm se tornado cada vez mais comuns, fazendo com que esse emblema da luta dos direitos humanos se torne um ponto de discórdia.

Perguntas ainda não respondidas, silêncios que ainda perduram e dados ocultos são realidades persistentes no cenário argentino quatro décadas depois do fim da ditadura. A luta por Memória, Verdade e Justiça continua, e os números são apenas uma parte do complexo quebra-cabeça que é o legado da ditadura argentina.

Redação

O Canal Ciências Criminais é um portal jurídico de notícias e artigos voltados à esfera criminal, destinado a promover a atualização do saber aos estudantes de direito, juristas e atores judiciários.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo