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Desigualdade racial: Desemprego de jovens negras é 3 vezes superior ao dos homens brancos no Brasil

Desigualdade racial no Brasil: o desemprego entre jovens negras

No Brasil, a desigualdade racial se manifesta de forma gritante no mercado de trabalho, especialmente entre as jovens negras de 18 a 29 anos. De acordo com uma pesquisa recente da organização Ação Educativa, divulgada em 8 de maio de 2024, essas jovens enfrentam taxas de desemprego três vezes superiores às dos homens brancos da mesma faixa etária. Além disso, recebem salários 47% menores que a média nacional e dedicam quase o dobro de horas aos afazeres domésticos.

Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) de 2023, compilados no relatório “Mude com Elas”, revelam a dura realidade das jovens negras no Brasil. Enquanto a taxa de desemprego geral do país ficou em 7,4% no ano passado, entre as jovens negras esse índice disparou para 18,3%. Por outro lado, os homens brancos registraram uma taxa de apenas 5,1%.

Essa disparidade se reflete também na remuneração. Enquanto o salário médio da população brasileira em 2023 foi de R$ 2.982, para as jovens negras esse valor cai para R$ 1.582. Em comparação com os homens brancos, que receberam em média R$ 4.270 no mesmo período, a diferença salarial é ainda mais gritante: 2,7 vezes maior.

A jornada dupla de trabalho também é uma realidade comum para as jovens negras. Elas dedicam em média 22 horas por semana aos afazeres domésticos, enquanto a média dos homens negros e brancos é de apenas 11,7 horas. Essa sobrecarga de trabalho doméstico se soma à dificuldade de encontrar um emprego decente, perpetuando o ciclo de pobreza e exclusão social.

Desigualdade racial
Imagem: reprodução/ ISTOÉ DINHEIRO

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Histórias que traduzem a realidade

A história de Pamela Gama, jovem negra de 26 anos, é um exemplo vívido dessa realidade. Moradora da zona leste de São Paulo, Pamela relata que teve que remover o link de uma rede social de seu currículo, onde havia uma foto sua, na tentativa de conseguir mais entrevistas de emprego. “Eu coloquei o link do meu perfil e depois tirei porque eu não estava recebendo tantos convites para fazer entrevistas. Então eu pensei se não era melhor eu tirar, sabe?”, revela a jovem formada em relações públicas.

Pamela, que trabalha desde os 19 anos e hoje atua em uma empresa na área de comunicação, sente na pele a desigualdade racial no mercado de trabalho. “Tem rapazes, até mesmo alguns conhecidos, que estão na mesma idade que eu e que ganham muito mais. Então, assim, eu sinto essa dificuldade até mesmo de me recolocar no mercado para procurar novas oportunidades”, afirma.

Causas estruturais e a necessidade de mudanças

A pesquisa da Ação Educativa aponta que a herança escravocrata e a cultura que coloca a juventude negra nos espaços mais precários do mercado de trabalho são as principais causas dessa desigualdade. Além disso, a falta de políticas públicas específicas para as jovens negras e a ausência de um olhar direcionado por parte das empresas a essas mulheres contribuem para a perpetuação do problema.

Caminhos para a superação da desigualdade racial

O estudo destaca a necessidade de políticas públicas que combatam o racismo estrutural e promovam a inclusão das jovens negras no mercado de trabalho. Além disso, é fundamental que as empresas adotem medidas afirmativas, como cotas e programas de treinamento, para garantir oportunidades iguais para todas as pessoas.

A educação também é um fator crucial para a mudança. É preciso investir em educação de qualidade para as jovens negras, desde a educação infantil até o ensino superior, para que elas possam ter acesso a melhores oportunidades no mercado de trabalho.

O relatório “Mude com Elas” da Ação Educativa acende um alerta sobre a grave situação das jovens negras no Brasil. É um chamado à ação para a construção de um país mais justo e igualitário, onde todas as mulheres negras tenham acesso a oportunidades e possam alcançar seu pleno potencial.

Desigualdade racial
Imagem: reprodução/ El País

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