Conflito entre irmãs gêmeas: a guerra gerada no jogo do bicho no Rio de Janeiro

É bastante provável que já tenha ficado emocionado ao assistir o Salgueiro desfilar na Sapucaí durante o Carnaval. Contudo, o que pode não ser do seu conhecimento é a intensa batalha familiar que embala os bastidores da escola de samba, que já se prolonga por anos a fio. A família Garcia, que liderou a agremiação por muitos anos, é também protagonista de uma parte significativa da história do jogo do bicho no Rio de Janeiro, conforme exibe o documentário “Vale o Escrito“, disponível no Globoplay.

Durante a década de 1980, o patriarca da família, Miro Garcia, conhecido como “Bradesco da Contravenção”, comandou o jogo do bicho, além de ter forte envolvimento com a escola de samba Vila Isabel. No entanto, se tornou patrono do Salgueiro após se apaixonar por Elisabeth Nunes, que mais tarde presidiria a escola.

LEIA MAIS:

Bolsonaro e o Rolex: FBI revela dados que contrariam versão do advogado do ex-presidente

Suspeito de atirar contra três palestinos é preso nos EUA

De Bicheiro a Patrono de Escola de Samba

Extremamente influente na época, Miro Garcia chegou a receber uma ligação de Pelé que solicitava um lugar para sua namorada desfilar na comissão de frente da escola de samba. Miro era tido como braço direito de outro grande nome do jogo do bicho, Tio Patinhas, cujo nome verdadeiro era Angelo Maria Longa. Miro acabou falecendo em 2004, após um diagnóstico de problemas de saúde.

Herdeiros do Jogo do Bicho

Após a morte de Miro, seu filho preferido Maninho assumiu os negócios da família. O jovem que acompanhava os passos do pai, também tinha papel destacado no Salgueiro, tendo sido diretor da escola no memorável desfile de 1993, o qual colocou fim a um jejum de 17 anos sem títulos. Maninho acabou assassinado a tiros em 2004, na ocasião, sua morte reuniu nomes conhecidos do futebol, como Romário e Edmundo, em seu velório no Salgueiro.

Bid, irmão de Maninho, retornou ao Rio após a morte do pai para reivindicar sua parte na herança. No entanto, encontrou resistência das sobrinhas e instaurou uma briga familiar pelo comando da escola de samba e pelo jogo do bicho. Em 2020, ano de sua morte, Bid anunciou durante um desfile do Salgueiro, que retomaria os negócios da família, mas foi morto em uma van que recebeu 40 tiros na saída da Sapucaí.

O último nome masculino do clã Garcia, Mirinho, teve um destino trágico parecido com o do pai e do tio. No entanto, a briga pelo controle do jogo do bicho e do Salgueiro continua, agora tendo como protagonistas Shanna e Tamara Garcia, filhas de Maninho, que não deixam a peteca da família Garcia cair, fazendo jus à tradição da família, alcançada às custas de muita contravenção.