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Familiares suspeitam de tráfico humano com brasileiras que faziam intercâmbio nos EUA

A polêmica envolvendo a influencer e modelo Kate Torres, de 33 anos, e o suposto desaparecimento das jovens Letícia Maia Alvarenga, de 21 anos, e Desirrê Freitas, de 26 anos, tem ganhado repercussão nas redes sociais nos últimos dias, pois os familiares suspeitam que elas estejam sendo vítimas de tráfico humano.

As jovens deixaram o Brasil e foram morar nos Estados Unidos após promessas de trabalho da coach conhecida como Kate Luz, e não faziam contato com a família há meses.

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Letícia e Desirrê. Imagem: Metrópoles

Letícia Maia Alvarenga, de Minas Gerais, estava desaparecida desde abril deste ano, segundo uma publicação feita pelo pai dela, Cleider Castro Alvarenga, no Instagram. 

Ele pediu ajuda para encontrar a filha e afirmou que a última notícia que a família obteve da jovem era de que ela estava trabalhando para a influenciadora Kate Torres. 

“Ela estava em Leander (no Texas). Por favor, estamos desesperados, não temos contato com ela desde 04/2022, se alguém tiver alguma notícia nos avise, peço também que compartilhem com outros grupos e pessoas que possam nos ajudar”.

Em outra publicação, Cleider levantou a hipótese de que a filha tenha sido vítima de tráfico humano. Pessoas que responderam à publicação afirmaram que a foto de Letícia consta em um site de prostituição.

Kate Luz se pronuncia e brasileiras desaparecidas confirmam fala dela em vídeo

Após pressão de pessoas próximas às brasileiras, Kate se pronunciou na última sexta-feira, e disse que Desirré e Letícia estão bem. No entanto, afirmou que as jovens estavam felizes e não queriam contato com suas famílias. As jovens, posteriormente, gravaram vídeos reforçando as falas de Kat.

Letícia teria se mudado para os Estados Unidos para fazer um programa de intercâmbio, onde o intercambista permanece com uma família anfitriã norte-americana, por um ano. No entanto, após conhecer Kat, ela cortou laços com os familiares.

A mãe de Letícia disse em entrevista, que a filha de 21 anos sempre sonhou em ir para os Estados Unidos.

“Descobrimos que essa suposta ‘guru’ que teria incentivado minha filha a fazer o intercâmbio por uma empresa e depois abandonar o programa, prometendo que ela ficaria famosa, milionária e conseguiria o green card (cidadania norte-americana) se pagasse US$ 8 mil”.

Em abril deste ano, a jovem teria voltado à Terra natal, tendo dito aos pais apenas que estava no Brasil à trabalho e que tinha vindo buscar alguns documentos. Bastante fria, a filha teria se recusado a dormir na casa da família, ficando em um hotel e, a partir daí, não foi mais vista pelos parentes.

Após toda repercussão sobre o caso, Letícia Maia que havia desativado as redes sociais reapareceu. Pelo Instagram, a mineira fez uma sequência de publicações e justificou o desaparecimento alegando não ter mais desejo de conviver com os pais. A jovem também relatou em vídeos que, na infância, teria sido abusada pelo pai.  

“Eu quero expor que quando eu era criança eu já fui abusada pelo meu pai. Minha mãe sempre ia para a roça e eu ficava com meu pai. Então era nesse tempo que tudo acontecia. Ele abusava de mim, abusava sexualmente e eu falava para minha mãe, ela chegava em casa e eu falava o que aconteceu e ela agia como se nada tivesse acontecido e deixava para lá”.

A relação com a influenciadora, inclusive, teria começado a partir das violações que ela teria sofrido.

“Comecei a fazer consulta com a Kat e ela foi a única pessoa que contei essa história e ela me falou que eu deveria ir para os Estados Unidos para fazer au pair lá”.

Desirrê Freitas, natural de São Paulo, tem um caso semelhante, eis que teria ido aos Estados Unidos para trabalhar com Kate Torres e desapareceu.

Ela foi vista pela última vez em um vídeo, publicado em setembro pelas redes sociais, dizendo que não está desaparecida e que ficou ausente porque quer ficar longe da família. Ela também relata estar “cansada de abusos” e pediu que parassem de procurá-la.

Familiares suspeitam de tráfico humano no caso das jovens

Desesperados, os pais de Letícia passaram a procurar provas sobre o que estaria acontecendo com a filha e, antes de registrarem o boletim de ocorrência na Polícia Civil de Minas, conseguiram encontrar provas de que a filha e Desirrê teriam imagens em sites de prostituição no país, o que os levou a desconfiar que elas estejam sendo vítimas de tráfico humano.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores, por meio do Consulado-Geral do Brasil em Houston, informou que tem conhecimento da situação e está em contato com as “autoridades policiais norte-americanas” que fazem a investigação do caso.

Fonte: Correio Braziliense

Daniele Kopp

Daniele Kopp é formada em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) e Pós-graduada em Direito e Processo Penal pela mesma Universidade. Seu interesse e gosto pelo Direito Criminal vem desde o ingresso no curso de Direito. Por essa razão se especializou na área, através da Pós-Graduação e pesquisas na área das condenações pela Corte Interamericana de Direitos Humanos ao Sistema Carcerário Brasileiro, frente aos Direitos Humanos dos condenados. Atua como servidora na Defensoria Pública do RS.

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