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Caso Sophia: mensagens indicam que réu por morte mostrava caráter agressivo antes mesmo do crime

A vítima foi submetida a abuso e maus-tratos que culminaram em sua morte

Segundo informações do relatório pericial, a investigação conduzida pela Polícia Civil sobre a morte de Sophia Ocampo, de dois anos de idade, revela que Christian Leitheim, de 25 anos, padrasto da vítima, exibiu padrões de comportamento agressivo tanto em relação a Sophia quanto ao seu próprio filho de três anos, que também residia na mesma casa.

Extraídas das conversas recuperadas do celular de Stephanie de Jesus da Silva, mãe de Sophia e também uma das acusadas pelo assassinato, há vários relatos em que Christian descreve episódios de agressão contra a menina. Sophia foi submetida a abuso e maus-tratos que culminaram em sua morte em 26 de janeiro deste ano.

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Em uma troca de mensagens no dia anterior à tragédia, Christian e Stephanie se envolvem em uma discussão. Nesse diálogo, Christian se refere à filha mais nova do casal, Stella, utilizando termos depreciativos como “retardada mental” em relação aos gritos dela, e descreve Sophia como “endemoniada”.

Na ocasião, ele estava sozinho em casa cuidando das duas crianças, bem como do seu próprio filho de três anos, fruto de um relacionamento anterior. Registros de mensagens anteriores, datados de novembro de 2022 – isto é, dois meses antes do falecimento de Sophia – mostram que Christian admitiu ter agredido Sophia por ter urinado nas roupas.

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Fonte: Página 1News

Ele também menciona que a menina, com apenas dois anos de idade, bateu com uma mamadeira no rosto de Stella, que era apenas um bebê com alguns meses de vida. De acordo com a mensagem, ele alega que a atitude de Sophia foi intencional.

Em outra parte da conversa, Christian relata que Sophia tomou banho sozinha e apresentou um hematoma na testa, com sangramento na boca. No entanto, ele não forneceu informações sobre a origem dessas lesões. Nesse mesmo dia, Sophia foi levada à Unidade de Pronto Atendimento do Coronel Antonino, sendo apenas uma das várias ocasiões em que a menina precisou de atendimento médico nesse local.

Ainda nesse mesmo dia, Stephanie envia uma foto de Sophia exibindo uma marca roxa no pescoço. Ela expressa a esperança de que ninguém tirasse fotos da lesão, mas não especifica quem poderia fazer isso. De acordo com registros médicos, nesse dia em questão, Sophia foi levada à unidade de saúde devido a dores abdominais. Ela recebeu o tratamento, mas no dia seguinte retornou ao local com uma fratura na perna. Dessa forma, Christian explicou que não apertou o pescoço da menina, mas sim beliscou, pois é um gesto que ele frequentemente realiza quando a leva para o quarto, pegando-a pelo pescoço por trás.

A perícia indicou que havia um corte profundo na lateral da cabeça de Sophia

Ele também alegou ter batido nas mãos e nos pés da menina, justificando que não causa dor nem deixa marcas. Stephanie concordou com essa declaração. No dia da morte de Sophia, Stephanie envia uma foto da cabeça sangrando da criança para Christian. Ele confirma ter dado um tapa na cabeça da vítima, mas não se lembra de tê-la deixado sangrando, embora suspeitasse que pudesse haver uma marca. O relatório pericial indicou que havia um corte profundo na lateral da cabeça da vítima, de onde escorreu bastante sangue.

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Fonte: Diário de São Paulo

A mensagem com a foto foi enviada às 13h57, porém, devido ao ângulo da imagem, não é possível determinar se a vítima estava inconsciente ou não. As mensagens demonstram que Christian costumava bater e morder Sophia, justificando suas ações como brincadeiras.

Ele enviava fotos desses momentos para a mãe da menina, que nunca questionava sua conduta. O relatório pericial também menciona que não foi possível acessar o conteúdo do telefone de Christian, pois ele não forneceu a senha. O celular possui dois métodos de proteção: um padrão de desenho e desbloqueio por impressão digital.

O dispositivo opera no sistema Android e está conectado a um e-mail, levando a polícia a notificar o Google para obter os dados cadastrais. Apenas após uma resposta do Google, a polícia poderá solicitar acesso aos dados armazenados no Drive, Google Fotos, histórico de busca e navegação.

Não há menção no relatório sobre a solicitação de acesso às mensagens do celular. Além disso, o laudo pericial complementar informa que não foi possível recuperar o conteúdo apagado por Stephanie. A polícia constatou que as conversas entre os acusados ​​não foram excluídas, embora a investigada tenha apagado o conteúdo enviado para outros contatos.

Fonte: Correio do Estado

Daniele Kopp

Daniele Kopp é formada em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) e Pós-graduada em Direito e Processo Penal pela mesma Universidade. Seu interesse e gosto pelo Direito Criminal vem desde o ingresso no curso de Direito. Por essa razão se especializou na área, através da Pós-Graduação e pesquisas na área das condenações pela Corte Interamericana de Direitos Humanos ao Sistema Carcerário Brasileiro, frente aos Direitos Humanos dos condenados. Atua como servidora na Defensoria Pública do RS.

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