Noticias

Espanhol que foi para a pior prisão do Irã revela detalhes do cárcere

Santiago Sánchez Cogedor, um espanhol de 42 anos conhecido por suas aventuras, foi detido no Irã em sua última jornada, acusado de espionagem. Em entrevista à BBC News Mundo, Sánchez compartilhou detalhes de sua experiência, que começou como uma caminhada de Madri ao Catar para assistir à Copa do Mundo em janeiro de 2022.

O aventureiro, que já havia explorado favelas no Brasil e voluntariado em orfanatos, descreveu sua passagem por países da América do Sul e suas viagens anteriores ao Irã em 2020. Contudo, sua mais recente incursão ao país acabou em uma prisão de segurança máxima conhecida como Evin, onde passou 14 meses enfrentando condições severas.

espanhol preso no irã
Imagem: Reprodução/Anajure

Leia mais:

Apenas 5% dos presos retornaram para a prisão depois da saidinha de Natal

Justiça mantém condenação de 2 anos de prisão para nora que cometeu estelionato contra a sogra idosa

Prisão do espanhol

A detenção ocorreu em meio a um clima tenso no Irã, marcado pela morte de Mahsa Amini, uma mulher de 22 anos, pelas mãos da “polícia da moralidade”. A jovem foi supostamente detida por não seguir as rígidas regras sobre o uso do lenço na cabeça.

Sánchez, que não estava ciente detalhado do caso de Mahsa Amini, alega ter sido vítima de uma armação. Ele relembra sua chegada ao Irã, onde um conhecido local o conduziu até o túmulo de Mahsa Amini, incentivando-o a postar no Instagram com a hashtag #MahsaAmini.

Sua presença atraiu a atenção de agentes dos serviços de inteligência iranianos durante sua viagem ao Irã. Abordado, levado para um carro, despojado de seus pertences e vendado, Sánchez foi conduzido a uma delegacia, onde enfrentou 42 dias de interrogatórios intensos, isolado em uma pequena cela, e acusado de espionagem.

Transferido para uma prisão em Saqqez, o homem encontrou o embaixador espanhol no Irã, Ángel Losada, que pressionou pela transferência do aventureiro para Teerã. As autoridades iranianas decidiram enviá-lo para a temida prisão de Evin, conhecida por graves violações dos direitos humanos.

Sánchez, que teve permissão para fazer seu primeiro telefonema três meses após a prisão, descreveu o período de confinamento solitário como algo “que não desejo ao meu pior inimigo”. Contudo, ele utilizou o tempo em Evin para contribuir com a comunidade carcerária, ministrando aulas de espanhol, boxe e organizando atividades esportivas.

A prisão de Evin é conhecida por abrigar um grande número de presos políticos e jornalistas. Sánchez relata condições desumanas, especialmente no setor 209, e destaca o sofrimento gerado nessa parte da prisão, onde os presos são privados de direitos básicos.

Vida após prisão

Apesar das adversidades, Sánchez afirma não ter ressentimentos e pretende utilizar as experiências vividas para ajudar outras pessoas. Ele questiona o motivo de ter sido acusado de espionagem e busca entender por que o Irã causou-lhe tanto mal, considerando-se apenas um turista com boas recordações do país.

espanhol preso no irã
Imagem: Reprodução/g1

Ao retornar à Espanha, Sánchez foi recebido pela família e amigos com aplausos e lágrimas. Ele expressa gratidão pela liberdade, mas ressalta que sua mente ainda permanece no Irã, e que, apesar da inocência, poderia ter permanecido detido por mais tempo. Com sua libertação, enxerga uma nova oportunidade na vida, usando a dor vivida para promover melhorias e superar os desafios do passado.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo