NoticiasDireito Penal

Frangofilia: o transtorno por trás do episódio de violência cometido por procurador em SP

De acordo com o laudo do Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo (IMESC), além de apresentar um quadro psiquiátrico compatível com esquizofrenia paranoide, o procurador que agrediu sua chefe durante o expediente na Prefeitura de Registro, no interior de São Paulo, também tem episódios psicóticos de frangofilia.

Leia mais:

24 anos do Massacre de Columbine: as lições aprendidas por Sue Klebold com seu filho atirador

Descubra agora: O que a Lei Brasileira revela sobre apologia ao Nazismo e as consequências

Especialistas explicam que esse termo se refere a um comportamento compulsivo de quebrar coisas, e está associado a outros transtornos.

Segundo o médico psiquiatra Fellipe Miranda Leal, frangofilia não é uma doença ou um diagnóstico específico, mas sim uma manifestação que reflete um importante descontrole emocional, como quebrar ou destruir objetos, principalmente roupas, travesseiros ou colchões.

No dia 15 de novembro do ano passado, o procurador Demétrius de Oliveira Macedo, de 35 anos, quebrou o vidro de vigilância da cela ao bater o estrado da cama na porta. No dia seguinte, ele quebrou a pia e o prato de alimentação dentro da cela de isolamento na Penitenciária de Tremembé durante outro episódio de fúria.

O psiquiatra Leal explicou que esse tipo de comportamento é comum em transtornos de personalidade, especialmente aqueles que apresentam um padrão de impulsividade acentuado, como o transtorno borderline e antissocial.

Além disso, em transtornos mentais como a esquizofrenia, também pode ocorrer comportamentos semelhantes à frangofilia, mas é importante destacar que esse tipo de comportamento não é exclusivo da esquizofrenia e é mais comum em outros transtornos.

O especialista afirmou que a esquizofrenia é uma doença complicada, que apresenta uma evolução característica e que envolve múltiplos sintomas.

A frangofilia é um sintoma que geralmente está ligado a transtornos mentais, como bipolaridade e esquizofrenia

O psicólogo e professor de Saúde Coletiva do Curso de Medicina da Unimes, Paulo Muniz, explicou que a frangofilia não é uma doença em si, mas sim um sintoma que geralmente está ligado a transtornos mentais, como bipolaridade e esquizofrenia.

Ele também mencionou que é possível que a frangofilia ocorra em outros transtornos de personalidade e humor. Segundo ele, a pessoa que apresenta esse sintoma não consegue controlá-lo, e pode ocorrer um impulso súbito de destruir objetos próximos, documentos, estraçalhar coisas ao redor de si mesma.

Esse desejo destrutivo é praticamente involuntário e a pessoa não consegue filtrar ou resistir a esse impulso. Segundo Muniz, a frangofilia pode ocorrer em demências como Alzheimer, mas é mais comum em casos de esquizofrenia e transtorno bipolar.

O laudo do IMESC e o parecer do psiquiatra forense Guido Palomba confirmaram que Demétrius tem esquizofrenia paranoide. Ele foi internado por comportamento narcisista e combativo, e os peritos apontaram que ele tinha capacidade de entendimento prejudicada e era inimputável na época do crime. Recomendaram internação por pelo menos três anos, pois ele ainda apresenta sintomas como frangofilia e episódios psicóticos.

A esquizofrenia paranoide prejudica a capacidade crítica e pragmática de Demétrius, e seus sintomas sugerem que ele não tinha capacidade de entendimento e determinação no momento do crime.

O caso ocorreu na Prefeitura de Registro entre dois procuradores municipais, onde a procuradora-geral Gabriela Samadello Monteiro de Barro foi agredida fisicamente com socos e pontapés pelo seu colega Demétrius Oliveira Macedo.

O ato criminoso foi filmado por outra funcionária do setor e mostra o agressor xingando e empurrando outros profissionais que tentaram interromper a violência.

Macedo foi preso dias depois em São Paulo, após a Justiça ter emitido a ordem de detenção no dia anterior.

Fonte: G1

Daniele Kopp

Daniele Kopp é formada em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) e Pós-graduada em Direito e Processo Penal pela mesma Universidade. Seu interesse e gosto pelo Direito Criminal vem desde o ingresso no curso de Direito. Por essa razão se especializou na área, através da Pós-Graduação e pesquisas na área das condenações pela Corte Interamericana de Direitos Humanos ao Sistema Carcerário Brasileiro, frente aos Direitos Humanos dos condenados. Atua como servidora na Defensoria Pública do RS.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo