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Massacre da floresta de Shakahola: entenda o caso que resultou na morte de dezenas de pessoas no Quênia

Recentemente, uma notícia perturbadora tomou conta dos noticiários internacionais: a seita de jejum no Quênia, que resultou em dezenas de mortes.

O caso, conhecido como “Massacre da Floresta de Shakahola”, envolveu um pastor evangélico que encorajava seus seguidores a jejuar para “conhecer Jesus”, resultando na morte de várias pessoas e o número continua a aumentar.

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Quem era o líder dessa seita? Qual era sua missão? Como o massacre ocorreu? O líder da Igreja Internacional das Boas Novas, criada por ele em 2003, é um ex-taxista chamado Paul Mackenzie Nthenge. Ele está agora sob custódia da polícia.

As práticas chocantes da igreja incluem alertar os fiéis sobre práticas “demoníacas”, como usar perucas, fazer transações digitais sem dinheiro vivo e até mesmo estudar. O indivíduo liderava um movimento religioso que promovia “ensinamentos, pregações e profecias sobre o final dos tempos”, conhecido como escatologia.

A missão do grupo era propagar o evangelho de Jesus Cristo, sem a interferência da razão humana. A Igreja Internacional das Boas Novas, da qual o líder fazia parte, afirmava que sua missão era nutrir os fiéis em todas as áreas da espiritualidade cristã, preparando-os para a segunda vinda de Jesus Cristo.

No entanto, o líder foi preso duas vezes este ano, uma delas por incentivar a não escolarização de crianças e a outra após ser ligado à morte de duas crianças por suposta negligência. Ele pagou uma fiança e foi liberado.

Recentemente, dezenas de cadáveres foram localizados na floresta de Shakahola.

As mortes já somam 89 e apenas 34 sobreviventes – bastante debilitados – foram encontrados

De acordo com o ministro do Interior do Quênia, as mortes já chegam a 89, enquanto apenas 34 sobreviventes – bastante debilitados – foram encontrados. Os indivíduos pertenciam à igreja fundada por Paul Mackenzie Nthenge.

Infelizmente, o número de vítimas pode aumentar, já que 212 pessoas ainda estão desaparecidas. As autoridades estão vasculhando a floresta em busca de valas comuns. Crianças estão entre as principais vítimas, com valas contendo até seis corpos. A situação é traumática e a chance de mais pessoas morrerem é grande.

Paul Mackenzie Nthenge é acusado de ser responsável pelas mortes de seus seguidores, que foram submetidos a uma “lavagem cerebral” que incluía jejuns como forma de “conhecer Jesus”.

Além disso, a imprensa local afirma que o líder da seita incentivava os pais a matar seus filhos em nome de Deus. Paul, pai de sete filhos, nega as acusações e diz que isso é ensinado em seu tipo de cristianismo, mas afirmou que parou de pregar em 2019.

Durante uma entrevista recente, o Pastor Mackenzie negou as acusações feitas contra ele e afirmou que fechou sua igreja em Malindi em agosto de 2019. Ele também vendeu os equipamentos e cadeiras da igreja e alertou os seguidores que, se ainda estiverem adorando com ele, devem fazê-lo por conta própria.

Enquanto isso, a polícia informou que alguns seguidores de Paul ainda estão escondidos e jejuando, mesmo após sua prisão há dez dias. Além disso, uma fonte policial relatou que Nthenge iniciou uma greve de fome enquanto permanece na prisão e alguns seguidores do pastor também foram detidos.

Fonte: Terra

Daniele Kopp

Daniele Kopp é formada em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) e Pós-graduada em Direito e Processo Penal pela mesma Universidade. Seu interesse e gosto pelo Direito Criminal vem desde o ingresso no curso de Direito. Por essa razão se especializou na área, através da Pós-Graduação e pesquisas na área das condenações pela Corte Interamericana de Direitos Humanos ao Sistema Carcerário Brasileiro, frente aos Direitos Humanos dos condenados. Atua como servidora na Defensoria Pública do RS.

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